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Reorganizar-se, adequar planejamentos pessoais e profissionais, redefinir metas e refletir sobre os comportamentos em diferentes situações do cotidiano devem ser práticas corriqueiras de quem busca a excelência pessoal. Porém, muitas pessoas deixam (quando deixam) tais práticas somente para o curto período dos votos de Ano Novo.

Então, aproveitando tanto o público que se atualiza constantemente, como aquele que procura atualizações pontuais, escrevo a coluna desta semana trazendo reflexões (já que não tenho as respostas) relativas às suas intervenções profissionais.

Meses atrás foi discutida numa coluna, a resposta emocional dada pelos jogadores nas diferentes circunstâncias que acontecem num jogo de futebol. A partir destas respostas (que somente são observadas jogando), foi mencionado que uma comissão técnica tem informações valiosas para intervir individualmente, com o intuito de aperfeiçoar o jogar coletivo. Tal aperfeiçoamento é um dos grandes objetivos de um treinador, logo, conseguir dar vida a sua ideia de jogo e fazer com que ela seja reproduzida o maior tempo possível poderá aproximar sua equipe da vitória.

Sabidamente, a expressão coletiva do referido jogar pretendido é um reflexo de tudo que o técnico e sua comissão têm construído no dia a dia de treinamentos e nos jogos anteriores.

Esta construção é feita a partir de cada abordagem, preleção, sessão de treino, cobrança, conversas individuais ou quaisquer outras situações passíveis de intervenção.

Em tempos em que estão cada vez mais frequentes as discussões sobre as tendências da metodologia de treinamento, não podemos abrir mão da discussão de outras variáveis que, com maior ou menor magnitude, influenciam no resultado final de um jogo. Uma dessas variáveis se refere as suas respostas emocionais e intervenções diante dos variados problemas expostos pela sua respectiva equipe.

Pergunto: você dedicou algum tempo para analisar como reagiu frente aos problemas de sua equipe no ano de 2012?

É bastante comum, para cada uma das situações que surgem no cotidiano de treinos e jogos, transferirmos a responsabilidade dos problemas exclusivamente aos jogadores. Dessa forma, observam-se nos treinadores reações diversas como irritações, lamentações, raiva, nervosismo, entre outros comportamentos que exteriorizam a insatisfação com o desempenho da equipe.

Será que os jogadores são os únicos responsáveis pelos erros? Será que alguns caminhos e escolhas utilizados pela comissão, ao invés de contribuírem com a evolução da equipe, reforçam e potencializam os erros? 

Como apontei no início, infelizmente, não tenho as respostas. Tenho inclusive, mais perguntas…

Sugiro que façam um exercício de resgate de suas reações e intervenções no ano de 2012.

Quantas vezes você teve que gritar com seus jogadores para que cumprissem determinada função do Modelo de Jogo?
Quantas vezes você deixou de gritar com seus jogadores por eles não cumprirem determinada função do Modelo de Jogo?
Quantas vezes você narrou o jogo de sua equipe para que ela jogasse melhor?
Quantas vezes você deixou de narrar o jogo de sua equipe para que ela jogasse melhor?
Quantas vezes você faltou com respeito com algum jogador?
Quantas vezes algum jogador lhe faltou com respeito?
Quantas vezes você minou a formação de “panelas” no grupo?
Quantas vezes você consentiu a formação de “panelas” no grupo?
Quantas vezes você chamou “de canto” aquele jogador que tem errado excessivamente nos treinamentos?
Quantas vezes você deixou de chamar “de canto” aquele jogador que tem errado excessivamente nos treinamentos?
Qual a quantidade das intervenções realizadas numa sessão de treinamento?
Qual a qualidade das intervenções realizadas numa sessão de treinamento?
Como você reagiu diante daquele jogador “boleirão”?
Como você reagiu diante daquele jogador ansioso?
Como você reagiu diante daquele jogador medroso?
Como você reagiu diante daquele jogador preguiçoso?
Como você reagiu diante daquele jogador polêmico?
Como você reagiu diante daquele jogador imaturo?
Como você reagiu diante daquele jogador nervoso?
Como você reagiu diante do jogador líder?
Como você reagiu diante do jogador esforçado?

Poderia continuar elaborando perguntas que remetem às suas intervenções e reações. Porém, as indicadas acima já são suficientes para um bom exercício de autoconhecimento.

Quem sabe um dia todos os profissionais do futebol entendam que se recorrermos à capacitação e à formação continuada, estudando diversas disciplinas que se relacionam com o futebol, teremos mais ferramentas para extrairmos o melhor de cada um dos nossos atletas. Se esse dia chegar, teremos em mente que antes de retirarmos o melhor do outro, precisamos retirar o melhor de nós mesmos.

Enquanto isso, alguns poucos treinadores refletem constantemente sobre a prática e outros reproduzem comportamentos sem o mínimo exercício de reflexão. Todos, no entanto, agem como atratores do sistema “jogo de futebol” e atraem a configuração das suas respectivas equipes. Pergunto novamente:

Você atrai a configuração da sua equipe para as vitórias?

Abraços e boas reflexões…

Para interagir com o autor: eduardo@universidadedofutebol.com.br

 

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