Se tomarmos como parâmetro os indicadores básicos da economia: dólar elevado, juros alto, PIB negativo, expectativa de inflação acima da meta, oportunidades de emprego em baixa, entre outros, somados à ênfase que a mídia dá para notícias ruins, fica fácil acreditar que não estamos vivendo uma crise e sim uma situação catastrófica, uma crise profunda, na qual todos afundaremos sem perspectiva de retorno.
Tenho sido frequentemente questionado sobre esse tema: "Cezar, o cenário que vivemos é de fato tão catastrófico? Existem alternativas? Oportunidades? O que preciso fazer para amenizar os efeitos da crise?"
O fato é que estamos sim vivendo um momento preocupante e, confesso, é difícil não nos contaminarmos com o pessimismo que nos rodeia.
Não sou um expert em todas as áreas, no entanto minha primeira sugestão é mudar esse sentimento de pessimismo. Em um momento de turbulência, todos somos afetados – empregados, empresários, estudantes – mas apenas acreditar nas manchetes e lamentar não resolverá nada. É importante deixar de achar que aqui é o pior lugar do mundo, que as coisas erradas só acontecem no Brasil e que "não temos jeito". Temos no Brasil a tendência de falar mal do nosso país e não ficamos constrangidos quando outros falam mal de nossa pátria. Um absurdo!
Acreditem: temos que mudar esta postura. Basta olhar como outros povos lidam com situações semelhantes. É evidente que existe o fator cultural, somos latinos, mais emocionais e essa mudança de postura não ocorrerá do dia para a noite, mas é importante aproveitar o momento, focar nos exemplos positivos e começar a mudar imediatamente.
Tenho uma teoria de que vivemos 95% de nossas vidas de maneira agradável e alegre, mas por conta de nossa cultura de "enfatizar o que é ruim", lembramos e conversamos apenas sobre os 5% do que não funcionou como era planejado ou previsto. E isso se aplica à vida pessoal, profissional e até afetiva, portanto mudar esta percepção é a tarefa principal para viver de maneira mais alegre e feliz.
Por exemplo, os Estados Unidos também vivem um momento de crise. Lá se fala sobre o tema? Sim! Mas ao contrário do que se faz por aqui, não focam nos problemas, sabem que eles existem, não ignoram os riscos, mas focam nas soluções, enfatizam o que acontece de bom, destacam as melhorias. O americano típico não fala o tempo todo sobre a crise e por outro lado não são massacrados por uma mídia que gosta de vender desgraça. E ouse falar mal dos EUA ao americano, você ganhará um inimigo. Esse "jeito" faz com que a crise, apesar de existir, se torne um fardo mais leve e menos traumático.
Após esse primeiro preâmbulo, sugiro que você pare por alguns segundos e reflita se você pratica o pensamento otimista e se esforce para se distanciar do sentimento pessimista, de acreditar que tudo está muito ruim. Tenho algumas sugestões práticas que podem ajudar nesta dura tarefa de se tornar menos pessimista:
1 – Não forme sua opinião com base em manchetes ou posts no Facebook
É importante ler sobre o momento que vivemos, leia a notícia toda. Pesquise outras opiniões e busque números e fatos relevantes que envolvam o assunto, veja se você está inserido no contexto da notícia. O que parece ruim para alguns, pode ser oportunidades para outros, pode ser uma mudança positiva para o seu segmento, para o seu negócio. Muitas pessoas se tornaram especialistas em espalhar manchetes sem sequer ler a notícia!
2 – Tenha calma e não se deixe contaminar
Após conhecer com mais detalhes como você está inserido no momento “crise”, tendo sua própria opinião formada sobre o assunto e sendo necessário tomar alguma decisão, tenha serenidade. A oportunidade está em suas mãos. Avalie todas as possibilidades, visualize 2 ou 3 passos posteriores que envolvam a decisão que vai tomar. Pesquise e interaja com pessoas que vivam uma realidade parecida com a sua, veja acertos e erros cometidos. Aprenda com a experiência dos outros!
3 – Reveja seu modo de vida, corte gastos desnecessários
Quando existe abundância, não reparamos em pequenos desperdícios e em processos que possam ser melhorados e otimizados. A oportunidade é agora, pense detidamente no que pode ser mudado, o que pode ser melhorado, com menos tempo e menor custo e o que pode ser extinto. Essa sugestão vale para sua vida profissional e pessoal. Fazer mais com menos é a realidade do momento!
4 – Se você está empregado
Mesmo que esteja em um segmento favorecido pelo momento “crise”, não se sinta confortável. Trabalhe mais, dedique-se, estude, mostre comprometimento, sua oportunidade de crescimento ou preservação é agora. Se for necessário, abra mão de regalias neste momento, com certeza você será reconhecido e os frutos virão assim que o cenário melhorar. Lembre-se de que existem ótimos profissionais disponíveis no mercado e de olho no seu emprego, portanto se você não for o melhor profissional, a empresa terá a quem recorrer. Trabalhe todos os dias como se fosse seu primeiro dia no emprego!
5 – Se você está desempregado
Não desanime. Revise o seu currículo, o "produto você" precisa estar atrativo para o mercado. Fique atento às vagas divulgadas e se inscreva em todas as que julgar viáveis para você. Mantenha aquecido seu círculo de relacionamentos, evite reclamar pois ninguém gosta de gente "negativa" por perto. Participe de grupos de discussões nas mídias sociais, lembre-se de participar sempre de forma positiva, sendo o portador de soluções. Participe de cursos e eventos em sua área, existem muitos bons e que são gratuitos. Participe de trabalhos voluntários. Persista e não desista de seus sonhos!
Não existe fórmula para se tornar um otimista ou menos pessimista, no entanto, acredito que utilizando algumas dessas sugestões, mesmo com a crise e com as dificuldades, as alternativas e oportunidades aparecerão. Sempre que vejo a palavra CRISE me lembro do saudoso escritor e palestrante Marco Aurélio Vianna, que sabiamente ensinou em outros tempos não menos turbulentos que a solução ideal é tirar o “S da Crise”. CRIE! Reflitam e decidam qual caminho é melhor para você.