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Seja para descreverem quantitativamente ações do jogo, seja para comporem a fotografia da disposição numérica dos jogadores em campo (3-5-2, 4-4-2, 4-5-1, 4-3-3, etc); os números estão presentes e intimamente ligados a complexidade do jogo de futebol.
 
Não tão simples como equacionar 2+2, é possível que tenha passado despercebido por torcedores, cronistas e porque não técnicos o fato de que no jogo de futebol, muitas situações conferem a matemática chave inicial para reflexão e entendimento de estratégias funcionais ao próprio jogo.
 
É mais do que comum (talvez, “comumomidade” = comum + comodidade) observar em partidas de futebol que mesmo quando uma equipe ataca, deixa em sua defesa um jogador a mais do que o número de atacantes do adversário. Então se os dois atacantes da equipe “A” não voltam para ajudar sua defesa no campo de defesa, acabam, mesmo assim, colaborando com o sistema defensivo de sua equipe, pois “prendem” com eles três jogadores da equipe “B” que não participam efetivamente das jogadas de ataque.
 
Isso significa que uma equipe tende a atacar com um jogador a menos do que o adversário se defende, e uma equipe tende a se defender com um jogador a mais do que a equipe que ataca. Vejamos, nos escanteios defensivos, as equipes em geral mantém perto da linha de meio campo um, dois e por vezes três “atacantes” para movimentação de contra-ataques. Em contrapartida a equipe que está atacando no escanteio mantém dois, três ou quatro defensores para inibir a movimentação de um possível contra-ataque do adversário. Sempre um defensor a mais do que um atacante.
 
E por que as coisas são sempre assim?
 
Bem, a resposta mais comum é a premissa de que ao se ter um jogador “de sobra” (a mais) há uma garantia maior de que ao se perder a bola, ficam diminuídas as chances do adversário de armar um ataque contundente. Mas por que não, adotar uma premissa diferente?
 
Vejamos; se ao invés de partirmos do princípio de que devemos ter um jogador a mais na defesa, partíssemos da idéia de que ao manter igualdade numérica na defesa, teremos um jogador a mais participando efetivamente das ações de ataque, e que com um homem a mais o jogador de posse da bola terá uma alternativa a mais de passe (o que diminuirá as chances de que a equipe perca a bola e aumentará as chances de um ataque melhor construído).
 
Chamemos o primeiro princípio que enunciei de premissa “A”. Chamemos a segunda idéia de premissa “B”.
 
Vamos supor que uma equipe “A” constitua uma de suas lógicas de jogo através da premissa “A”, e que uma equipe “B” constitua uma de suas lógicas de jogo através de premissa “B”. A equipe B quando se defende, mantém dois jogadores posicionados de forma ofensiva. A equipe A, de acordo com sua premissa, manterá então três jogadores na sua defesa para marcá-los. Isso faz com que a equipe “A” ataque com sete jogadores e a equipe “B” se defenda com 8.
 
Fazendo valer sua premissa, a equipe “B” resolve aumentar de dois para três jogadores posicionados de forma ofensiva quando esta se defendendo. A equipe “A” de acordo com a sua premissa recua mais um jogador para a defesa quando está atacando. Isso faz com que a equipe “A” ataque com seis jogadores e a equipe “B” se defenda com sete. E se “B” resolvesse aumentar de três para quatro os jogadores ofensivos quando estiver se defendendo, o que aconteceria?
 
O que está em questão não é apenas um jogo de números que definirão uma parte da estratégia de jogo, mas o fato de que partindo da premissa “A” são diminuídos os jogadores de ataque para aumentar o número de jogadores na defesa. Partindo da premissa “B” aumenta-se o número de jogadores de ataque para aumentar o número de jogadores na defesa.
 
Muda-se a premissa, altera-se a estrutura. Altera-se a estrutura, muda-se a postura tática da equipe.
 
Pois bem, quando uma equipe está precisando fazer gols, muitas vezes o que acontece é a mudança de premissa. Muda-se da premissa “A” para a “B” (mas uma equipe não está sempre precisando fazer gols?).
 
Por vezes ocorre também uma mudança de lógica. Ao precisar emergencialmente de mudar um placar desfavorável as equipes acabam por abandonar a idéia da necessidade da vantagem numérica a favor da defesa quando estão atacando (deixando sua defesa jogando no 1X1, no 2X2, enfim no mano a mano caso sofram um contra-ataque). O futebol é um jogo em que a defesa prevalece ao ataque (diferente, por exemplo, do basquete, em que a grande maioria dos ataques se converte em pontos). Então parece mais um paradigma a ser quebrado do que uma verdade o fato de que “seria um risco irresponsável jogar sob a lógica de deixar a defesa em igualdade numérica quando a própria equipe está atacando”.
 
Na verdade nessa perspectiva a premissa deveria ser a de que há um jogador a mais participando da construção das jogadas ofensivas, e que a partir daí se houver a perda da posse de bola dever-se-ia buscar uma lógica norteadora que evitasse o contra-ataque (que não seja a necessidade da vantagem numérica dos jogadores de defesa).
 
Quando se está atacando, também se está defendendo. Quando se está defendendo também se está atacando.
 

A sua defesa determina o seu ataque ou o seu ataque determina a sua defesa? Qual a sua premissa? Qual o seu paradigma?…

Para interagir com o autor: rodrigo@universidadedofutebol.com.br

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