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Ah, as entrevistas coletivas pós-jogo… Sinceramente acreditava já ter visto de tudo nesse circo em que se transformou a entrevista à imprensa depois de uma partida. Técnico emburrado, time todo chorando a derrota, respostas atravessadas, time derrubando jogador, time derrubando treinador, treinador se derrubando, treinador sendo derrubado enquanto falava, juiz sendo ironizado de tudo quanto é jeito, perguntas bem-feitas, perguntas repetitivas…

Tudo para mim era próprio do ambiente de trabalho de um pós-jogo. Ainda mais quando era uma partida decisiva. Afinal, nervos à flor da pele geralmente provocam respostas espontâneas. E essas, por sua vez, quase sempre geram uma grande polêmica.

Mas não é que neste último domingo tivemos mais um episódio inédito na história das entrevistas coletivas? Netas de um treinador participando da sabatina feita pelos jornalistas, sinceramente, foi demais para a minha cabeça! 

Que a entrevista coletiva geralmente serve para não dizer nada todos nós já sabemos. Mas o que justifica levar a neta para ficar ali, ao lado das câmeras do país todo? Ainda mais depois de uma vitória do time por 3 a 1 em casa?

Talvez nos anos 60 fosse até natural que os familiares frequentassem o ambiente de trabalho de um jogador. Mas, naquela época, não tínhamos tanta exposição do esporte na mídia e, muito menos, tanta necessidade de fazer entrevistas coletivas para conter o avanço da imprensa.

Luxemburgo, mais uma vez, ultrapassa a tênue linha que delimita a ética na profissão. Além do mais, expõe suas netas a um ambiente de conflito e discussão que geralmente envolve uma sala de imprensa em entrevista coletiva após um jogo.

Se Dunga foi tão criticado por usar roupas de gosto questionável produzidas pela sua filha, porque não questionar a atitude de Luxemburgo?

Não é legal expor crianças de dois até seis anos às câmeras de televisão e aos cliques dos fotógrafos. Ainda mais quando elas não têm a menor necessidade de estarem em frente a elas. 

Ao ligar a TV depois do jogo do Palmeiras, confesso que levei um baita susto ao ver as netas de Luxemburgo ali, ao lado dele. As meninas até que foram bem-comportadas, considerando-se a idade que têm. 

Deixar isso acontecer, porém, é que foi demais. Ambiente de trabalho é algo geralmente sagrado. Não é para qualquer um, tanta interferência atrapalha. Imagine se cada jornalista decidisse levar seu filho para assistir a uma coletiva pós-jogo? 

O pior foi não ter visto ainda nenhuma crítica construtuiva contundente a mais uma atitude despropositada de Vanderlei Luxemburgo…

Para interagir com o autor: erich@universidadedofutebol.com.br

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