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O FC Barcelona e a Internazionale de Milão se enfrentaram no dia 24 de novembro na Espanha, pela Uefa Champions League 2009/2010.

A equipe espanhola venceu a partida por 2 a 0.

Não bastasse o fato de serem duas das melhores equipes da Europa, o jogo chamou a atenção, também, pelo confronto entre dois treinadores de grande (e rápido) sucesso.

De um lado Pepe Guardiola, atual campeão da competição, com sensacional desempenho na última temporada. Do outro, José Mourinho, com grandes feitos e marcas de grande expressão (como, por exemplo, estar a mais de 100 jogos sem perder em competições nacionais, jogando “em casa” com suas equipes), buscando reafirmar a condição de grande treinador mesmo em competições internacionais.
 


No duelo entre os times comandados pelos dois, melhor para o espanhol: Barça 2-0 Inter

As estatísticas do jogo refletiram tanto o comportamento das duas equipes quanto o resultado final da partida, que foi de vitória para o FC Barcelona.

Pois é, mas talvez uma das coisas que mais chamaram a atenção daqueles que acompanham o trabalho dos dois treinadores – mais até do que o próprio jogo -, tenha sido o que disse o jogador Ibrahimovic, que até pouco tempo atrás era jogador da Inter de Milão (portanto, treinado por Mourinho), e agora está na equipe espanhola (treinando com Guardiola).

O jogador sueco fez uma breve comparação entre os dois treinadores. O noticiário do site português O JOGO publicou suas declarações. Abaixo segue o texto (sem adaptações idiomáticas) publicado no site (disponível em: www.ojogo.pt):

“(…) O avançado sueco Zlatan Ibrahimovic define Guardiola e José Mourinho como treinadores “com enorme atitude” e “ambiciosos”, mas considera o técnico do FC Barcelona mais activo.

“A grande diferença é que Guardiola é mais activo e com isso quero dizer que quando ele explica algo nos treinos também demonstra fisicamente o que pretende”, referiu Ibrahimovic em entrevista ao site da FIFA.

O internacional sueco considera ambos treinadores de topo, uns “vencedores”, mas explica que a razão pela qual Josep Guardiola é mais activo tem a ver com o facto de ter sido também um futebolista de topo.

“O Mourinho nunca jogou ao mais alto nível, mas ambos têm uma grande atitude e um enorme desejo de sucesso. Os dois têm a capacidade de explicar claramente o que querem e serem muito directos com os jogadores. São dois vencedores”, disse.

A um nível mais pessoal, o avançado sueco referiu que tanto o técnico do FC Barcelona, como Mourinho (no Inter Milão) conseguem ter boas relações com os jogadores e que no seu caso isso sempre aconteceu com ambos.

“Não posso falar pelos outros, mas sempre me dei muito bem com Mourinho. Tal como me dou agora com Pep (Guardiola)”, acrescentou Ibrahimovic.(…)”.

Como podemos observar, sem muitas delongas, Ibrahimovic considera que os dois treinadores em questão têm características de vencedores, mas destaca que em sua opinião Guardiola é mais ativo, porque faz demonstrações “físicas” daquilo que quer. Atribui essa diferença ao fato de José Mourinho não ter sido grande jogador, como foi Guardiola.

Segundo o site da CNN International, em uma lista que classificou os treinadores de futebol na temporada 2008/2009, a partir do seu aproveitamento (lista em que figura o treinador brasileiro Mano Menezes), Pepe Guardiola foi o melhor de todos (com 87,6% de aproveitamento, e três títulos – dois nacionais e um internacional).

Mourinho ficou em terceiro, bem distante em aproveitamento, do treinador espanhol (67,9% de aproveitamento e dois títulos – ambos nacionais).

O fato é que os números em longo prazo do treinador português realmente são impressionantes (dado o número de jogos) e ainda precisam ser batidos – também por Guardiola, que tem uma curta carreira.

 

 

Não estou aqui a escrever para tomar partido deste ou daquele treinador. Gosto do trabalho (ou melhor, da expressão do trabalho) dos dois, assim como gosto de outros tantos (aos quais incluo os brasileiros Luis Felipe Scolari, Mano Menezes, Zagallo, Vanderlei Luxemburgo, Carlos Alberto Parreira, Vagner Mancini). Porém, quero salientar que talvez a principal qualidade destacada por Ibrahimovic sobre Guardiola, comparando-o a Mourinho, seja na verdade um dos seus pontos fracos.

Mostrar “fisicamente” aquilo que se deseja, aquilo que se espera que os jogadores façam no jogo, pode ser um tiro saindo pela culatra. Quando um treinador entra em campo para ser “jogador do treino que ele preparou para os seus jogadores treinarem”, algo precisa ser revisto. Treinador não entra em campo na hora do jogo!

Isso quer dizer, em outras palavras, que ter que entrar em campo (no treino) para “fazer” pode ser resultado de uma incapacidade de elaborar estratégias de treinamento que didaticamente levem os jogadores a fazerem bem o que precisa ser feito por eles próprios!

Na hora do jogo, quem toma as decisões e resolve os problemas de imediato são os jogadores. Se forem “adestrados”, terão dificuldades em saber o que fazer. Se tiverem o treinador, no treino, fazendo por eles, podem estar “pulando” alguma etapa importante do processo de treinamento, e por isso apresentar dificuldades de expressar em campo o “jogar” individual e coletivo “desejado” – e isso quer dizer, em outras palavras, que a construção da compreensão sobre o jogo, pelos jogadores, pode ficar comprometida e, portanto, dificultar a solução de problemas circunstanciais que no jogo apareçam (em resumo, também terão dificuldades em saber o que fazer).

O modelo de treino no FC Barcelona está muito evoluído. O modelo de jogo, comparado aos seus adversários, também – e isso contribui para que treinadores com o perfil “Barcelona” administrem uma “máquina de jogar futebol”, que está sempre funcionando muito bem.

Isso pode mascarar erros da ação do treinador, mas certamente não por tanto tempo.

Então, que venha o tempo para nos dizer quem – se Mourinho, Pepe Guardiola, ou algum outro que ainda não se sabe quem é – é o melhor…

Para interagir com o autor: rodrigo@universidadedofutebol.com.br

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