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Olá, caro leitor. Vamos iniciar esta coluna fazendo um exercício:

– Lhe convido a trazer da memória três jogadores que você julgue serem os melhores que já viu jogar. Independente se ainda estão em atividade ou não. Não precisa se apressar muito, pense bem.

– Lhe convido agora a relembrar algum momento marcante de seu time de coração, algum acontecimento do seu time que lhe cause alegria, nostalgia, saudades em recordar.

Pronto? Conseguiu pensar em três jogadores? Relembrar algum momento do seu time de coração? Ok! Agora, peço que faça uma análise de tudo isso, quais jogadas destes jogadores lhe vieram a mente? Em que situação se encontravam? E o seu time, em que fase do jogo estava? O que a equipe estava executando?

Sem medo de errar, acredito que a grande maioria dos jogadores lembrados, são de posições prioritariamente ofensivas, e que os lances recordados, foram em momentos que estes detinham a bola, que realizaram alguma ação com a bola, dribles, passes, assistências, finalizações, etc. Assim como o número dos momentos que vieram a memória do seu time de coração, foram muito mais ofensivos do que defensivos, situações em que sua equipe marcou um belo gol sobre o arquirrival, a conquista de um título vindo daquele gol marcado no último minuto, ou aquele gol antológico anotado fora de casa, que calou toda a torcida adversária.

Claro que existirão exceções, que alguns irão se recordar de um Puyol, um Taffarel, um Cannavaro, que se notabilizaram pela capacidade defensiva. E, são tão dignos de lembrança quanto qualquer outro. Vocês acham que a grande maioria dos torcedores “são-paulinos” se recordam mais das defesas que Rogério Ceni fez (que talvez tenham sido maior em número, pelo tempo que jogou no São Paulo, mas semelhantes em importância e/ou dificuldade as que Zetti também realizou) ou dos gols de falta e pênalti que ele marcou?

Reforço a opinião, de que a grande maioria pensou em jogadores de ataque, ou até os que se lembraram de jogadores com características prioritariamente defensivas, lembraram de ações em que os jogadores detinham a posse da bola, assim como de seus times de coração.

Busquei te levar a estas recordações e análises, para refletirmos sobre algo maior e mais complexo, os rumos que nosso futebol têm tomado nos últimos tempos.

É notório e possível se comprovar através dos dados coletados por empresas como a Footstats, que a maioria das equipes que têm vencido os jogos, não necessariamente tem tido maiores índices de posse de bola e finalização, cada vez mais nossas equipes têm abdicado de deter a posse de bola, de buscar propor o jogo, por uma estratégia mais defensiva, visando os contra-ataques rápidos. Isso pode se dar por diversos fatores, buscar manutenção no cargo, “falta” (seria falta de jogadores ou de coragem? Competência para buscar construir outro tipo de jogo?) de jogadores com características de se propor o jogo, falta de tempo para treinamentos, constantes mudanças no elenco, enfim, poderia levantar muitos outros motivos, mas a questão é, será que não estamos usando estes argumentos somente como muletas? Sobretudo nas divisões de base, aonde é cada vez mais comum ver equipes formadas somente para se defender.

É obvio e digno que cada um irá jogar da forma como acredita, como lhe convém, e é bom que hajam ideias divergentes! Afinal, ninguém passa os 90 minutos do jogo só atacando, portanto é necessário saber defender bem também!

A questão que levanto é quanto a nossa cultura, quanto aquilo que mais permeia nossas mentes, aquilo que acelera nossos corações, aquilo que faz parte da nossa história. E historicamente, mundialmente, somos reconhecidos por nossas capacidades ofensivas, nossa habilidade com a bola, capacidade de criar novas jogadas, novas soluções para cada problema que o jogo e o adversário interpõe, nossos atacantes são pinçados cada vez mais cedo pelos grandes clubes europeus. Historicamente, nossas torcidas rejeitam e reprimem suas equipes quando estas não buscam tomar as rédeas do jogo, ou quando um treinador troca um atacante por um defensor. Em tempos onde cada vez mais se busca globalizar sem perder identidade, reforçar tradições, cultivar raízes, por que o nosso futebol tem caminhado no sentido contrário?

Fonte: download-wallpaper.net/content/uefa-champions-league-2012.html
Fonte: download-wallpaper.net/content/uefa-champions-league-2012.html

 
Fonte: globoesporte.globo.com/futebol/selecao-brasileira/noticia/2012/06/meu-jogo-inesquecivel-contra-turcos-e-todos-denilson-brilha-na-semifinal.html
Fonte: globoesporte.globo.com/futebol/selecao-brasileira/noticia/2012/06/meu-jogo-inesquecivel-contra-turcos-e-todos-denilson-brilha-na-semifinal.html

 

Talvez eu seja um dos “últimos românticos”, com toda certeza saudosista, o que não me faz ser nem um pouco menos moderno, ou avesso ao futuro, não. Mas, ainda acredito nas raízes, nas tradições, na cultura que viviam os que estiveram aqui antes de mim, acredito que para chegar em algum lugar, preciso saber de onde eu vim… E isso em qualquer aspecto da vida (que é sistêmica!), e sendo o futebol parte dela, quando olho de onde veio nossa cultura de futebol, como esse jogo me fascinou, e vejo os rumos que ele vem tomando, temo que estejamos perdendo nossa trilha, nosso caminho, e me assusta imaginar que no futuro, ao invés de ver o escudo do Chelsea ou da Turquia, eu veja o do Brasil nestas imagens. E você, o que acha? Até a próxima!

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