Semana passada Abel Braga, treinador do Fluminense, disse em entrevista coletiva que a ausência de clubes de São Paulo na Copa da Primeira Liga era ruim para o “marketing” do torneio. Independente da presença ou não deles, é preciso perguntar qual o objetivo do torneio, qual o público-alvo e qual a sua vantagem competitiva em relação às demais competições. É este o produto que vai ser colocado no mercado (e concorrer com outros torneios de futebol e outras opções de lazer que as pessoas têm) e estará disponível para as televisões e o público torcedor.
Em uma análise superficial, a Copa do Nordeste tem tudo isso e em relativamente pouco tempo conseguiu construir um produto excepcional, muito disputado e com estádios repletos. Dentre outros motivos, está muito claro para o torneio Nordestino o que foi citado no parágrafo anterior. A Copa da Primeira Liga por sua vez já mostra publicamente que nos bastidores os clubes divergem bastante, muito antes de a competição começar. Ademais, dentro de um produto, a frequência e regularidade de uma competição também são aspectos a serem bastante considerados. Nesse sentido, um torneio ficar meses sem um jogo cria um enorme vazio institucional cuja recuperação é possível, mas é um esforço que pode ser evitado.
Esses questionamentos devem ter sido feitos, mas é preciso deixar claro o que quer a Copa da Primeira Liga e qual o diferencial em relação aos outros torneios com que concorre, nomeadamente a Copa do Brasil e o Campeonato Brasileiro. A Copa do Nordeste tem isso muito claro. A Copa do Brasil, quando criada no final dos anos 80, passou a proporcionar aos médios e pequenos clubes uma oportunidade para se projetarem nacional e internacionalmente, haja vista o Criciúma Esporte Clube do início da década de 90.
Portanto, falta sim “marketing” para a Copa da Primeira Liga. Falta conceber melhor este produto para que ele seja interessante aos torcedores. Se for preciso, levar em consideração o formato, a periodicidade, os clubes participantes e suas categorias utilizadas. Se é uma liga, há espaço para inovação no uso da tecnologia, por exemplo. Tudo isso lado a lado com os objetivos do torneio, em respeito aos dois elementos mais importantes do esporte: o atleta e o torcedor.