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As escalações de São Paulo e Corinthians para um clássico disputado no último domingo (25), no Morumbi, chamaram atenção por um motivo específico: a quantidade de “volantes”. Diego Aguirre, ainda um recém-chegado à equipe tricolor, montou um meio-campo com Jucilei, Petros e Liziero; Fabio Carille escalou Ralf no lugar de Clayson, vetado por questões físicas, e também criou um tripé de marcadores com Gabriel e Maycon ao lado do camisa 15. Foi o suficiente para uma série de análises, em diferentes canais de comunicação, sobre como essas opções travaram o confronto válido pela semifinal do Campeonato Paulista. Mas essa relação de causa e efeito é suficiente para explicar o que aconteceu no duelo?
A resposta a essa pergunta diz muito sobre o jeito de enxergar o jogo. Por ser um contexto complexo, composto por ações e reações que se sobrepõem durante 90 minutos, o futebol compreende uma infinidade de possibilidades para combinar jogadores de meio-campo. E isso quase sempre independe da posição “de origem” deles – basta lembrar que o marcador Willians e Márcio Araújo, expoentes do cabeça de área que sabe destruir mais do que construir, já tiveram bons momentos atuando abertos e compondo a linha de armadores.
No último domingo, Aguirre poderia adiantado Petros ou Liziero para a linha de armadores. Também tinha opções como um tripé no meio ou um 4-1-4-1 com os dois jogadores ao lado de Marcos Guilherme e Nenê. A lista de hipóteses é extensa e inclui uma série de sistemas, modelos e desenhos. O mesmo vale para o Corinthians, a despeito de o trio Ralf-Gabriel-Maycon ser menos versátil e cobrir um trecho menor do campo. No entanto, e eu acompanhei isso por duas rádios e um canal de TV de São Paulo, as análises foram focadas em “dois times com três volantes”.
O que se viu no Morumbi foi Liziero mais solto pela esquerda, dando volume e contribuindo para a marcação na saída de bola. Isso deu corpo ao São Paulo no primeiro tempo, ainda que o gol da vitória tricolor tenha acontecido em um contragolpe. Maycon não teve a mesma presença ofensiva, mas conseguiu travar bem o lado direito de ataque do rival.
Na próxima terça-feira (27), a seleção brasileira voltará a enfrentar a Alemanha, algoz do 7 a 1 em 2014. Tite ainda não confirmou a escalação, mas admitiu que estuda a possibilidade de colocar Fernandinho no meio-campo canarinho. Foi o suficiente para começarem a surgir análises sobre um time “mais cauteloso” contra os germânicos.
Tite teve uma longa conversa com Pep Guardiola, técnico do Manchester City, no fim do ano passado. No bate-papo, um dos tópicos foi Fernandinho, jogador da equipe inglesa. O comandante da equipe nacional fez perguntas sobre a capacidade de passe vertical do meio-campista e se o espanhol conseguia enxergá-lo também como um meia. A resposta foi afirmativa.
Fernandinho pode não ser o ritmista desejado por Tite, mas tem capacidade para fazer passes que furem defesas. Tem visão vertical, fundamentos e experiência – atuava em uma linha mais adiantada até os primeiros anos como profissional. Pode não dar tanto volume ofensivo quanto Philippe Coutinho, mas oferece outro tipo de presença em campo e cobre uma faixa maior do meio.
O que o clássico paulista e a seleção nos mostram é que não existe discutir futebol apenas a partir do “volante” ou do “meia”. Existe muito além dos nomes de funções, e negar esse mundo de possibilidades é negligenciar a própria complexidade do jogo.
 

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