A (re)construção do modelo de jogo e o ritmo de jogo

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Uma determinada equipe apresenta ao final de uma temporada, para cada um dos momentos do jogo, um nível específico de resolução dos problemas que são impostos pelo jogo. Exemplificando, numa equipe que tem como comportamento de organização ofensiva sempre sair jogando evitando chutões e construir um ataque posicional com passes curtos, a comissão técnica tem condições de avaliar qualitativa e quantitativamente em que nível tais ações estão sendo executadas.
Com as mudanças dos jogadores ocorridas por diversos motivos, entre eles, contratações, promoções de atletas das categorias de base, negociações e até lesões, é fato que a nova formatação desta equipe expressa uma dinâmica do seu jogar significativamente distinta daquela que terminou a temporada. Ou seja, por mais que um time-base tenha se mantido, a chegada de quatro, três ou até dois jogadores é suficiente para gerar alterações funcionais no sistema que diferem do modelo de jogo pretendido.
Essas alterações são ainda mais bruscas se os comportamentos que se desejam construir são opostos aos que os jogadores apresentavam em seus clubes/treinadores anteriores. Como exemplo, um determinado jogador habituado a ter como referência para a marcação somente o adversário, terá dificuldades de adaptação num sistema em que as referências de marcação também consideram o próprio gol, a bola, a região do campo e os seus companheiros.
Então, no início da temporada, cada comissão técnica tem um trabalhoso problema nas mãos: verificar novamente em que nível sua equipe se encontra na resolução dos problemas do jogo. Para isso, mais do que verificar a condição física individual, que traz informações muito pobres relativas ao sistema, a comissão técnica precisa agendar um bom número de jogos amistosos. Somente jogando será possível conseguir a real informação de todos os comportamentos individuais e coletivos apresentados, relativos ao modelo de jogo.
Com a real informação da equipe em mãos, possibilitada por uma análise complexa, tem início o desenvolvimento da temporada competitiva (imediatamente para os grandes clubes brasileiros e mais tardiamente nas categorias de base e outras equipes que não disputam competições nacionais). Devido às mudanças supracitadas, provavelmente, muitos comportamentos de jogo terão regredido e então, a comissão técnica tem mais um trabalhoso problema nas mãos: o desenvolvimento das atividades que possibilitarão a evolução constante do sistema/equipe.
É neste aspecto do desenvolvimento da periodização que muitos treinadores se equivocam. Influenciados por resultados positivos em temporadas passadas, simplesmente replicam sessões de treinamento que julgam terem sido positivas em suas últimas equipes. Esquecem, portanto, que o novo sistema, formado por novos elementos, apresenta um jogar atual diferente daquele anterior, logo, as sessões de treino também devem ser diferentes.
Além disso, restringem o jogo coletivo ao somatório das ações individuais e não aprofundam em treinamentos que permitirão a expressão em alto nível de dinâmicas setoriais, intersetoriais e coletivas.
E qual o reflexo destes equívocos?
As desculpas comuns em todos os inícios de temporada, em que muitos treinadores justificam os maus rendimentos competitivos à falta de ritmo de jogo.
Planejar sessões de treino complexas, criar atividades que ao mesmo tempo sejam técnica-tática-física-mental, jogar, discutir, analisar e avaliar minuciosamente a equipe são princípios básicos de uma pré-temporada muitas vezes negligenciados pela comissão e aceitos pela diretoria e imprensa.
Felizmente, as ditas desculpas não duram mais que um mês. Infelizmente, as desorganizações em algumas equipes brasileiras (mesmo com ritmo de jogo) duram uma temporada inteira.
Como você realiza sua pré-temporada?
 

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