Entre o Direito e o futebol de base

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Bem-vindos a mais uma “Entre o Direito e o Esporte – Especial Copinha 2018”. Como prometi semana passada, hoje vamos falar sobre o Certificado de Clube Formador (CCF) da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e como isso afeta a base do seu clube.
Vamos lá?
Imagina que você está naquele fim de dezembro, fazendo a sua lista de objetivos para o ano que vem. Se você for como eu, vai começar com um “fazer academia e natação três vezes por semana”. Logo depois, você risca tudo e deixa “fazer academia e natação”. E muda de novo e coloca “entrar em forma”. A ideia do Certificado de Clube Formador é isso: o mínimo do mínimo para ter um objetivo. E é por isso que vamos ver hoje o que é esse “mínimo do mínimo” e o que é esse “objetivo” quando a CBF fez o CCF. E, claro, como isso afeta o seu clube.
Por que o Certificado de Clube Formador existe?
O objetivo é melhorar o futebol de base brasileiro. Imagina que a gente é criança de novo, nas férias da escola. Dia de semana, brincando o dia todo. E o seu quarto, aquela bagunça. Seus pais chegam do trabalho e falam para você arrumar o quarto. Você arruma o quarto – só que não do jeito que eles queriam, e não tão bem quanto eles queriam. O futebol de base no Brasil ainda é um pouco assim.
A CBF criou o Certificado de Clube Formador para dar aos clubes um padrão, um modelo do que fazer com a base – quase que um manual. Esse mínimo serve para melhorar as condições do futebol de base no Brasil e em troca dá algumas vantagens para os clubes que conseguem esse certificado. É quase como se os seus pais te levassem para tomar sorvete cada vez que o seu quarto ficasse “bem arrumado”, sabe?
O CCF surgiu em 2012 como uma das principais formas de proteção dos clubes brasileiros para segurar talentos, e garantir um dinheiro extra quando não desse mais para segurar. Esse “manual do bom clube de base” é importante para que a gente entenda como o Licenciamento de Clubes funciona para o futebol de base brasileiro. E lá a gente encontra o mínimo que todos nós esperamos de um clube de futebol: que cuide das suas crianças, e não só dos seus jogadores.
O que os clubes precisam ter para conseguir o CCF?
O “mínimo do mínimo” é o que a Confederação Brasileira de Futebol acredita ser o básico para um clube de futebol formar um jogador como atleta e como pessoa. Imagina você assistindo aquela novela de tempos atrás. Sabe quando tinha uma discussão sobre onde era melhor a criança do patrão estudar? Então, é bem isso!
O Certificado de Clube Formador tem uma base que todo mundo deveria ter – assim como as escolas. Para que a CBF dê esse certificado, o seu clube deve seguir um monte de regras que vão desde ter em uma lista quem são os técnicos e preparadores físicos das categorias de base até mostrar o programa de treinamento.
Agora, como eu falei, o clube formador tem que se preocupar com o atleta e com a pessoa, né? Por isso, o clube deve dar escola para os atletas (inclusive de idiomas, como inglês), acompanhamento médico, comida e várias outras coisas que acho que todo brasileiro adoraria que cada um de nós pudesse ter – inclusive férias em casa com a família. O CCF é um jeito de garantir que a criança tenha pelo menos “casa, comida e roupa lavada”, e um jeito de humanizar o nosso futebol de base.
E como o Certificado de Clube Formador afeta o seu clube?
Voltando para aquela história daquela “base que toda escola deveria ter”, cada clube tem que ter o mínimo de condições de criar uma criança. E é bem aí que o CCF afeta o futebol de base do seu clube. Os atletas de base precisam de um cuidado como jogador e como pessoa, e é por isso que esse “manual” importa.
Assim como cada escola tem um nível diferente, cada clube tem uma categoria para conseguir o Certificado de Clube Formador. Se o clube tem o mínimo dos requisitos, vai ser Categoria B e o certificado tem que ser renovado depois de 01 ano. Já aquele que tem um pouco a mais (período integral?), é Categoria A e o certificado tem que ser renovado a cada 02 anos. Mas… e aquele que não tem nem o mínimo? Bom, não consegue esse certificado (merecidamente?).
Para a CBF dar o certificado ao seu clube, a Federação Regional (como a FPF no caso de São Paulo) deve dar a benção depois de ver se essa “escola” tem todos os documentos em ordem (“análise documental”) e se está tudo certo com o terreno e o prédio dela (“avaliação in loco”). E sabe quantos clubes no Brasil conseguiram esse certificado? Cem? Mil? Todos? Não. Em 08 de janeiro de 2018 tínhamos 36 clubes na Categoria A e 7 na Categoria B. Isso é muito pouco.
Como falei, o CCF é o “mínimo do mínimo” para um clube formar uma criança como atleta e pessoa. Infelizmente, poucos clubes brasileiros têm essas condições – mesmo com todas as possibilidades de conseguir o dinheiro necessário por Leis de Incentivo. Eu espero que isso mude algum dia.
O futebol de base é, como o nome diz, a base do nosso futebol. Sem ela, sem os garotos que fazem parte dela, a gente não tem futebol. Garotos que são atletas. Garotos que são pessoas. Garotos que são crianças. O CCF existe para garantir que esses garotos sejam cuidados como atletas, pessoas e crianças pelos seus clubes. E é por isso que é a base da base do nosso futebol.
Fico por aqui! Vejo vocês na semana que vem quando vamos continuar o nosso Especial Copinha e falar sobre a indenização por formação. Qualquer coisa é só falar comigo pelas mídias sociais, espero que tenham um ótimo final de semana e até a próxima!

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