Por uma análise mais coletiva e menos individual

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Jogadores e treinadores costumam falar em entrevistas: “isso aqui é um time! Quando ganha (time), todos ganham, quando perde (time), todos perdem”. Mas se repararmos bem essas frases viraram chavões e são proferidas sem muita base. Na prática, nossa cultura não se baliza muito por isso. Todos nós da ‘indústria’ (imprensa, torcida, dirigentes, técnicos e jogadores)  temos a tendência a individualizar um jogo que é coletivo. A desculpa de que esse tipo de análise é ‘da nossa cultura’ e ‘sempre foi assim’, para mim não cola mais. A evolução do jogo aqui no Brasil depende da mudança de paradigma do olhar individual para o olhar coletivo.
Vale contextualizar aqui que o pensamento do jogo individual vem desde os nossos primeiros passos no futebol de rua: quem é o ‘bom’ nas peladas? Aquele que pega a bola e sai driblando todo mundo ou o outro que abre espaços, atrai a marcação e faz um importante papel sem a bola? Na verdade, quando crianças achamos que quando não pegamos na bola nem jogando estamos. E isso acompanha o jogador até ele virar profissional…
No mais alto nível europeu a marcação, por exemplo, é por zona. Aqui a tendência natural ainda é ser individual. O ‘cada um pega o seu’ tradicional no jogo de rua invade com tudo os campos profissionais. Ao atacar, nossos jogadores tendem a ir próximos da bola e reclamam quando não a recebem. Em grandes equipes, no mínimo dois jogadores se posicionam do lado oposto, não para receber necessariamente um passe, mas sim para alargar o campo e dificultar a marcação adversária.
A desculpa está pronta para apontar o porque do jogo aqui no Brasil ser inferior ao europeu: os melhores jogadores estão lá porque eles têm mais dinheiro. Convido todos a uma reflexão diferente, saindo do individual (melhores jogadores) para o coletivo (melhores ideias). E não falo só de treinadores melhores, não. Claro que eles são os líderes do processo e tem muito a dar para o jogo ser melhor trabalhado coletivamente por aqui. Mas cabe a todos nós, inclusive jornalistas, passar a olhar o jogo diferente. Vamos reparar mais em quem não está com a bola. Vamos tentar entender os princípios de jogo que dependem muito mais da cooperação mútua do que do talento individual. O caminho é reverso: quanto melhor coletivamente uma equipe está, mais o craque vai aparecer.
 

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