A Teoria da Comunicação Estratégica do Esporte (Pedersen, Miloch & Laucella, 2007) sugere que o conteúdo do esporte é infinito. E como é! Exemplo disso é este tempo de quarentena em que as emissoras de TV especializadas em conteúdo esportivo reprisam partidas antigas. Às vezes elas têm a narração e reportagens da época, outras vezes permanecem somente com as imagens e a interação é ao vivo, com uma equipe de transmissão atual. Os canais no YouTube dos clubes e federações têm seguido a mesma linha. Os resultados têm sido espetaculares. Quem dera o rádio pudesse fazer o mesmo também.
É uma espécie de sessão nostalgia. É parte de um drama que constrói a história de uma organização esportiva ao resgatar os ídolos, de relembrar uma narrativa fundamental para fundamentar seus valores e princípios. Isso dito não apenas de uma seleção nacional, mas de um clube e também do próprio veículo de comunicação. De mostrar aos mais novos que há uma história, que lá atrás muita gente fez de tudo para que o melhor acontecesse, que há um motivo e um porquê para tudo o que sentimos. Que nada é por acaso e em vão.
Lembro-me do pai deste colunista praticamente obrigar-me a ver as reprises dos jogos do Brasil na Copa de 1970, que a TV Bandeirantes passava nas semanas que antecederam o Mundial FIFA de 1994. Era uma maneira de dizer para se dar o devido valor: esta é a nossa história, é o que somos. Foi uma oportunidade de enxergar – e respeitar – o processo de uma maneira diferente, como um todo. De procurar compreender que é importante saber de onde se vem, o que se é e onde se quer chegar. E toda essa reflexão pode e deve ser transportada para as discussões atuais sobre a nossa sociedade: o que fomos como nação, o que somos e o que queremos para as futuras gerações, dos nossos filhos e netos.
É, portanto, esta sessão nostalgia da TV e das redes sociais, oportunidades – mesmo que inocentes – de olharmos e relembrarmos o passado. Desta maneira, talvez, possamos dar o devido valor e respeito ao que é realmente importante e deixarmos de lado tudo o que for supérfluo, ou seja, aquilo que nos fará “bater a cabeça” e não nos levará a lugar algum.
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Em tempo, mais uma citação que se relaciona com o tema da coluna:
“Campeões não são feitos em academias. Campeões são feitos de algo que eles têm dentro deles mesmos: um desejo, uma visão, um sonho. Eles têm que ter a habilidade e o desejo, e o desejo tem que ser mais forte que a habilidade.”
Muhammad Ali