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Estudar futebol não é fácil.
 
Parece, mas não é.
 
Principalmente para quem, como eu, estuda o seu aspecto industrial.
 
Primeiro porque ninguém respeita.
 
Quando me perguntam o que eu ando fazendo da vida, respondo que tenho desenvolvido uma pesquisa por uma universidade inglesa. As pessoas se impressionam. Aí, no afã por maiores especificidades, elas me perguntam qual é o tema da minha pesquisa. Confesso que eu não sei exatamente qual é a resposta que elas esperam ouvir, se é a solução para a desigualdade social brasileira, a busca pelo equilíbrio sustentável do planeta ou a procura pela cura da enxaqueca.
 
Fato é que quando eu respondo que pesquiso a indústria do futebol, é possível perceber uma mudança na expressão de quem perguntou. Uma boa parte me encara com um ar de incerteza, diz que o tema é interessante e muda de assunto. Outra boa parte dá risada e pergunta de novo, exigindo uma resposta séria. Com a confirmação de que a pesquisa é realmente sobre a indústria do futebol, diz que o tema é interessante e muda de assunto. Uma minoria realmente se importa e vê algum valor latente no trabalho. Uma parcela menor ainda diz que nunca tinha pensado que dava pra pesquisar futebol e que tem vontade de largar tudo pra fazer isso. Esses, em geral, estão bêbados.
 
Tirando um certo preconceito acadêmico em relação ao tema, de um modo geral, o grande problema de se pesquisar a indústria do futebol é a carência de fontes de informação sobre o assunto, e de metodologia e imparcialidade nos estudos já realizados.
 
Não é nada fácil encontrar no Brasil dados confiáveis que possam servir como embasamento inequívoco para a elaboração de teorias a respeito do funcionamento da indústria do futebol brasileiro. Quase tudo necessita de desconfiança e crítica, e, pela característica multidisciplinar do objeto futebol, essas dificuldades de estudo se multiplicam.
 
Isso tudo acaba gerando um ciclo vicioso para a produção acadêmica que trata a respeito da indústria do futebol. Pouca produção gera, obviamente, conhecimento leviano que acaba desqualificando futuros orientadores, que por sua vez se tornam incapazes de conduzir melhores pesquisas. No fim das contas, a academia acaba perdendo a sua função de existência, ou seja, deixa de servir como fonte de referências para as tomadas de decisões da sociedade.
 

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