A importância do ídolo – 2

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Na semana passada abordamos aqui neste espaço os retornos que um clube pode ter quando investe na manutenção de seus ídolos. Na última quarta-feira, deparei-me com uma nova e interessantíssima situação que mostra a falência que encontramos no modelo de gestão do futebol brasileiro.
 
No início deste ano, a cidade de Juiz de Fora, a mais carioca das cidades de Minas Gerais, recebeu um torneio das nações indígenas. A competição envolvia jogos de futebol entre tribos de índios dos mais diversos pontos do Brasil. O grupo de estudos em Comunicação, Sociologia e Esporte da Universidade Federal de Juiz de Fora fez um levantamento sobre o impacto da globalização do futebol no comportamento dos índios.
 
O maravilhoso documentário mostra que os índios são afetados diretamente pela mídia e, a partir disso, traçam o seu comportamento em relação ao futebol. Tanto é que o modelo, para os indígenas, são jogadores que estão na mídia o tempo todo.
 
Mas o que chamou mais atenção foi a vestimenta usada pelos atletas para disputar o campeonato. Em meio a camisas de futebol próprias, apenas um time usava um uniforme igual a de uma equipe conhecida mundialmente. Sim, isso mesmo. Havia um time inteiro usando o uniforme do Chelsea, da Inglaterra.
 
A camisa azul falsificada da Adidas. A marca da Samsung no peito. Nas costas, no lugar de nomes como Drogba, Schevchenko, Ballack e Lampard, as grafias dos craques da tribo.
 
Nenhum time, porém, usou a camisa de um Flamengo, Fluminense, Palmeiras, Vasco, Santos, São Paulo, Corinthians, Internacional, Grêmio, Atlético, Cruzeiro e tantos outros times que sempre permearam o imaginário popular.
 
Qual a explicação para esse “descaso” dos indígenas com os nossos times. A resposta, muito provavelmente, está em outro dado levantado pela pesquisa. Os ídolos dos jogadores são atletas como Ronaldinho Gaúxho, Kaká e Ronaldo. Beckham, Zidane e até Canavaro foram lembrados pelos indígenas.
 
O único jogador que atua no Brasil e teve seu nome citado foi Rogério Ceni.
 
Sem grandes atletas em atuação no país, até mesmo o povo indígena passa a torcer para os astros que estão lá fora. Desse jeito, o futuro do futebol no Brasil será torcer para Milan, Manchester, Barcelona. E, às vezes, ter um ídolo fugaz dentro do seu próprio clube.
 
Ídolo é importante não apenas para conquistar títulos. Mas, também, para fabricar sonhos e, conseqüentemente, gerar receita para os clubes que mantiverem os seus craques.

Para interagir com o autor: erich@universidadedofutebol.com.br

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