O êxodo e a Copa

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Sexta-feira se fecha a janela de transferências de jogadores de futebol para clubes europeus. Isso não significa necessariamente o fim do êxodo de jogadores dos times brasileiros, uma vez que a Uefa corresponde a pouco mais da metade do destino dos atletas. A CBF ainda não divulgou números oficiais, mas o meu chute permanece acima dos 900. 907, para ser mais preciso.
 
Lula não gostou muito do número. Para ele, e para muitos, o êxodo de jogadores é um problema e precisa ser combatido, melhorando a estrutura do futebol nacional. Discordo. O êxodo não é um problema por si, ele é pura e simplesmente uma conseqüência. Ele só acontece por conta de uma série de problemas de fato, pertencentes um tanto a problemas ambientais e outro tanto a problemas de dentro da esfera do futebol.
 
Ao se combater o êxodo por si, você estará combatendo na verdade a livre vontade de um profissional evoluir na vida, e isso jamais pode ser negado a um indivíduo. Eu, você e o cara aí do seu lado almejamos por melhores condições de vida, e é assim que tocamos a nossa vida profissional.
 
É fato, porém, que o próprio êxodo em si é superestimado. O fato de oitocentos e poucos jogadores terem saído do país no ano passado não representa a raiz da preocupação em si. Muitos desses jogadores sairiam de um jeito ou de outro, uma vez que o futebol brasileiro não comporta tanta produção de atletas. Por isso, entre outras tantas razões, que jogadores saem jovens. Não tem time suficiente no país pra todo mundo. Com tanta produção, serão cada vez mais comuns casos de jogadores nascidos no Brasil jogando em seleções de outros países, como Deco, Pepe e Eduardo da Silva. O problema não está nos oitocentos e poucos jogadores por ano, mas sim nos cinqüenta ou sessenta que saem da primeira e da segunda divisão, o que eventualmente diminui a já pouca identificação da torcida com o time e a também já bem baixa qualidade do jogo apresentado.
 
Mas se Lula se preocupa tanto assim com o alto número de jogadores brasileiros se transferindo para mercados internacionais, os oitocentos e pouco, ele pode colaborar em reduzir esse número. Basta diminuir a produção de jogadores. Para isso, é só melhorar as condições educacionais do país e as possibilidades de evolução social dos indivíduos, principalmente dos jovens de baixa renda. Dessa forma, os mesmos jovens que hoje focam seus talentos no jogo de futebol podem eventualmente focar os seus talentos em fazer do Brasil um lugar melhor pra se viver. Essa nova filosofia, porém, reduziria drasticamente o número de bons jogadores de futebol do país.
 
Obviamente que isso implicaria em criar um embate pro Estado, uma vez que ele teria que escolher entre o melhor para a sociedade brasileira como um todo ou o melhor para a seleção brasileira de futebol.
 
Pelo conjunto histórico da obra e pelo jeito que está sendo conduzida a candidatura da Copa de 2014, não é muito difícil prever qual o lado que o Estado iria escolher.

Para interagir com o autor: oliver@universidadedofutebol.com.br

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