Mulheres independentes

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Agora elas estão na moda. Vai ter campeonato, patrocínio, elas são guerreiras, mulheres de fibra, talentos natos, já que a aptidão não se desenvolve sem treino. Os jornais, até domingo, reservaram a elas seu espaço mais nobre, a manchete da primeira página do caderno de Esporte. As TVs abriram caminho para falar das mulheres no esporte de marmanjo. Os jogos delas na semifinal e na final renderam liderança na audiência.
 
Mas será que hoje elas serão manchete? Nada supera a virada do cada vez mais campeão São Paulo. Ou seria a causa do sumiço da capa do jornal uma derrota numa final de Copa do Mundo com direito a pênalti perdido pela melhor jogadora do mundo quando o placar marcava 0 a 1?
 
O fato é que, na terça-feira, ninguém mais se lembrará delas. As promessas de campeonato, patrocínio e afins devem virar cinzas, ou então se transformarão em barganhas políticas como sempre ocorre, principalmente desde 2004, quando pela primeira vez “descobriram” que havia futebol de qualidade praticado pelas brasileiras.
 
Do esboço com o Paulistana (lá em 1996), com Sissi e Kátia Cilene dando alegrias a um torcedor são-paulino arrasado pelas péssimas gestões pós-bi Mundial, até hoje, nada foi feito. Depois de o sonho se esvair pelas mudanças de leis, pela crise de investimentos, etc. chegou a hora de retomar a conversa sobre o futebol feminino.
 
Com a mesma hipocrisia que os presidentes da República de todo o mundo usam o esporte para se promover, as mulheres se tornaram alvo da falácia oportunista, da promessa vazia e do desespero de quem quer exercer uma profissão, mas não tem mercado de trabalho, não consegue emprego fora e não tem qualquer amparo de qualquer pessoa.
 
A solução para o futebol feminino passa, imediatamente, pela constituição de uma confederação própria, que não fique na sombra do time masculino da CBF. Afinal, são tantos jogadores sub-15 e sub-17 para revelar e negociar no exterior nos torneios caça-níqueis da Fifa que não sobra tempo para pensar nelas.
 
Não existe problema em criar uma confederação além da do futebol masculino. O futsal e o futebol de areia possuem confederações próprias e são subjugados à Fifa. Uma confederação de futebol feminino permitirá, num primeiro momento, que as mulheres recebam verba da Lei Piva para se estruturarem e depois terem condições de criar uma liga, buscar patrocínio, pagar salários decentes a suas jogadoras e coisas do gênero. Só para ficar no superficial.
 
As mulheres do Brasil precisam de independência. Do contrário, estarão fadadas à falência, numa rima tão pobre quanto as pseudo-ajudas que elas recebem hoje.

Para interagir com o autor: erich@universidadedofutebol.com.br

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