Negócios na imprensa

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“Mengão no G-4”; “Flamengo encosta”; “Libertadores próxima”. Essas foram as manchetes dos jornais do Rio de Janeiro na quinta-feira que sucedeu a vitória de virada do Flamengo sobre o Corinthians, pelo Campeonato Brasileiro. Em São Paulo, a manchete era um pouco diferente: “Pentacampeão”! A referência, é claro, fazia jus à conquista do quinto título nacional pelo São Paulo obtida no dia anterior.
No Maracanã, na vitória flamenguista, o torcedor carioca só queria saber da conquista do terceiro lugar na tabela de classificação. No Morumbi, o são-paulino festeja a óbvia vitória e a bonita conquista de mais um título.
Nas emissoras de televisão, porém, o dilema foi grande. Flamengo e Corinthians duelavam no Maracanã, enquanto o São Paulo conquistava o título. De um lado, as duas maiores torcidas do país e os times responsáveis pelos maiores índices de audiência. Do outro, o desfecho do campeonato.
Na impossibilidade de conciliar as duas transmissões, a Globo, detentora dos direitos de exibir o campeonato, optou por exibir o Flamengo x Corinthians para todo o Brasil. A conquista da taça ficou em segundo plano, mas não foi esquecida.
O atraso providencial de 10 minutos para ter início o jogo do São Paulo fez com que, terminado o jogo das massas, a festa do título pudesse ser exibida em tempo real para todo o país.
Durante qualquer papo de botequim entre torcedores, a discussão sobre a imparcialidade da imprensa é levantada. Qual jornal defende qual time? Qual emissora protege determinado clube? A resposta, quase sempre, é a mesma, dependendo do lugar em que se está: Corinthians em São Paulo. Flamengo no Rio.
A rodada decisiva do Campeonato Brasileiro evidenciou o “racha” que existe na imprensa. Não de agir com o coração e ser imparcial, mas no dilema que existe entre o interesse comercial da empresa e o valor jornalístico de um acontecimento.
O São Paulo campeão é a principal notícia da rodada. Mas nem mesmo a vitória são-paulina vende tanto quanto um Flamengo embalado ou um Corinthians ameaçado pelo rebaixamento. Sem dúvida que, jornalisticamente, o título é o mais importante. Mas, para as vendas, é melhor falar do Flamengo, ou então mostrar o Corinthians em sua delicada luta para não ser rebaixado.
Cada vez mais o negócio interfere no futebol. Não só no que se refere às atitudes dos profissionais dos clubes e que circundam o esporte. Mas também na imprensa. Com o desenvolvimento do negócio esportivo, o futebol se torna um produto de entretenimento muito mais do que um produto jornalístico.
E, na dúvida entre o que mais vende ou o que é mais notícia, a empresa jornalística vai, paradoxalmente, escolher o que gera mais receita. E, no botequim, a discussão ainda demorará muito mais do que as cinco horas propostas por Paulo Coelho…

Para interagir com o autor: erich@universidadedofutebol.com.br

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