Quem tem rádio é rei

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Matéria nesta Cidade do Futebol da última sexta-feira dá conta do enrosco em que se meteu o futebol catarinense. A associação das emissoras de rádio está na Justiça para ter os direitos de transmitir, sem qualquer contrapartida, os jogos do Estadual (veja mais aqui).
 
O resultado final está longe de sair e provavelmente só acontecerá depois que o campeão catarinense tiver sido decidido. E do jeito que é Justiça, talvez seja o campeão de 2010… Mas o fato é simples: os clubes começaram a acordar para um problema grave de ausência de receita.
 
A popularização do futebol no Brasil aconteceu nos anos 30 e 40 graças às ondas do rádio, que levavam aos torcedores a emoção do campo para dentro do lar. Só que foi exatamente por conta dessa origem da transmissão do esporte que o futebol hoje vive um de seus maiores problemas.
 
Quando folclóricos narradores, comentaristas e repórteres de campo tinham de subir no telhado de casas para poder narrar os jogos aos ouvintes, obtínhamos excelentes histórias para contar. Só que, ao cederem à insistência dos empresários da comunicação, os clubes criaram um monstro.
 
As rádios encontraram o caminho para a audiência e, conseqüentemente, para o faturamento publicitário, a partir da transmissão do futebol. Os clubes, no início, tentaram coibir o ganho elevado de dinheiro das emissoras proibindo-as de transmitir as partidas. O receio, à época, era perder dinheiro com a bilheteria. Quando perceberam, porém, que o público ia ao estádio mesmo com o jogo transmitido pelas ondas do rádio, os dirigentes baixaram a guarda. E aí que começou o problema.
 
Hoje, com o recurso da televisão, nem mesmo ir a uma partida é necessário. As narrações acontecem de dentro de um estúdio, ou até mesmo da sala da casa. Outro dia, aliás, em plenas férias do futebol no Brasil, o Real Madrid de Robinho era irradiado pelas ondas da AM paulistana.
 
A maior fonte de receita da Fifa na atualidade é a venda dos direitos de transmissão de seus eventos, em especial a Copa do Mundo. São quase US$ 2 bilhões em receita com a venda para mais de 200 países. Só que os direitos não se limitam à televisão. A rádio paga, e muito, para poder exibir ao vivo os 64 jogos do Mundial. E não chia.
 
Por que as rádios brasileiras continuam achando que é possível transmitir o futebol sem ter de pagar por isso? Os clubes ainda querem apenas como troca espaço na poderosa mídia da rádio. Mas nem isso os empresários parecem dispostos a ceder.
 
Só que, o que as emissoras não percebem, é que cada vez mais os clubes acordam para o aumento na fonte de receitas e nas estratégias de marketing para arregimentar torcedores e, a partir disso, dinheiro.
 

Na terra de cego, quem tem uma rádio é rei. Por enquanto.

Para interagir com o autor: erich@universidadedofutebol.com.br

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