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Um grupo de torcedores do Liverpool irá apresentar ainda hoje (quinta) uma proposta para comprar o clube.
 
Como todos sabem, clubes de futebol na Inglaterra são instituições de capital privado e possuem donos. E os donos, que afinal são donos, fazem o que bem entendem com aquilo que eles possuem. No caso, donos de clubes de futebol fazem o que bem entendem com clubes de futebol. Para ser dono de um clube de futebol inglês, porém, é preciso bastante dinheiro, e geralmente quem investe tanto para adquirir um clube quer ganhar ou mais dinheiro, ou o público que acompanha o clube.
 
Em alguns casos, é evidente a intenção do dono em adquirir um clube como forma de melhorar sua imagem. Os casos mais notáveis são o do Abramovich com o Chelsea e o do Shinawatra com o Manchester City. Ambos são cheios da grana e não precisam de mais dinheiro, mas precisam – e muito – conquistar o apreço de outros seres humanos de bom coração, afinal ambos são acusados de diversas atrocidades em seus países de origem. Para tanto, mudam-se para a Inglaterra, levam seu dinheiro e compram um clube de futebol. Dessa forma, criam uma legião de seguidores e conseguem, de certa, forma, fazer com que sua notoriedade diminua a possibilidade de ataques contra a sua honra e, principalmente, contra a sua vida.
 
Em outros casos, notadamente o dos norte-americanos, a idéia de comprar o clube é ganhar dinheiro, seja em cima do torcedor, da televisão, ou de uma futura revenda. E os americanos têm apostado bastante nisso, como mostram os Glazers e o Manchester United, Lerner e o Aston Villa, Hicks e Gillett e o Liverpool, e a recém acordada compra do Derby County pela GSE.
 
Obviamente que um processo como esse último sempre gera uma certa rejeição. Afinal, a aquisição de um clube de futebol por algum investidor em geral significa preços de ingressos e de produtos inflacionados e exclusão dos torcedores das camadas mais baixas da população. E quando um investidor compra um clube, não faz muitas contratações de peso, não consegue ajeitar o time e começa a brigar com o técnico que é amado pela torcida, aí a rejeição estoura.
 
Foi o que aconteceu com o Liverpool, Hicks, Gillett e Benítez.
 
Quando começaram a surgir boatos de que os novos donos do clube pensavam em trocar de treinador, a torcida ficou do lado mais fraco, e muitos torcedores de longa-data anunciaram que deixariam de ir às partidas e de comprar os pacotes para a temporada caso o espanhol deixasse o clube. Os novos donos foram ameaçados pelos seus consumidores com um boicote econômico. Obviamente, daí para a frente, a situação só piorou.
 
E agora o conflito chegou ao clímax. Às cinco horas inglesas da tarde de hoje, tradicional hora do chá – ainda que essa seja uma tradição falaciosa, um grupo de torcedores anunciará a intenção de comprar o Liverpool, e transforma-lo em um clube propriamente dito, de propriedade de seus associados. Espelham-se em clubes da Espanha, principalmente Real Madrid e Barcelona, e em clubes da Alemanha. A idéia do grupo chamado de “Share Liverpool FC” é conseguir 100.000 sócios e levantar 500 milhões de libras, algo em torno de 2 bilhões de reais, para comprar o clube e construir um estádio.
 
Caso consigam, poderá ser iniciado um novo processo de aquisições de clubes por torcedores, o que mudará significativamente o processo comercial desses clubes, resultando numa completa transformação da indústria como um todo, inclusive do Brasil.
 

Se isso vai acontecer ou não, já é outra história. Mas que pode, pode. E vai depender muito do sucesso dos torcedores do Liverpool. Talvez não seja a coisa mais ideal do mundo apostar no sucesso do time atual em uma partida, afinal o clube não anda muito bem das pernas em campo. Mas se for pra apostar na força da sua torcida, aí sim é possível colocar algumas fichas na mesa.

Para interagir com o autor: oliver@universidadedofutebol.com.br

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