Viver ou morrer

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Nos idos tempos de Fernando Henrique Cardoso, o governo adotou o lema “Exportar ou Morrer”, que obviamente remetia à necessidade do país se posicionar com mais propriedade no mercado globalizado, principalmente como fornecedor de matéria-prima, produtos e serviços. Desde então, adotando uma política bastante ferrenha, o Brasil tem conseguido seguidos superávits da balança comercial, o que possivelmente ajudou no fortalecimento da economia nacional.
 
Esse fenômeno, curiosamente – mas não necessariamente diretamente atrelado, foi contemporâneo ao aumento de transferências internacionais de atletas brasileiros. Na medida em que o país exportava mais produtos e, principalmente, matéria-prima, mais jogadores deixavam o futebol nacional. Afinal, no futebol brasileiro, a matéria-prima é boa e o valor relativamente barato, principalmente por conta da defasagem dos poderes da moeda nacional em relação aos principais mercados compradores de jogadores.
 
Bom, com o tempo tudo isso foi mudando. Hoje, o superávit da balança já não é tão grande, uma vez que, com o mercado interno de consumo aquecido, o país começa a importar cada dia mais. Com o mercado bom, a moeda estabilizou em relação a outras mais importantes, ainda que tenha ganhado muito valor em relação ao dólar, mas hoje em dia qualquer um ganha do dólar. Porém, o pensamento reinante indica que o Brasil iniciou uma guinada ao desenvolvimento sustentável e, a não ser que algo mais radical aconteça, ele deve se estabelecer como uma das grandes potências mundiais em breve. Com isso, a tendência é que ele fortaleça ainda mais a sua moeda e enfrente maiores dificuldades de exportar produtos e matéria-prima, principalmente aquelas em que a grande competição se dá por conta do preço, que é o caso das commodities.
 
Jogador de futebol, para mercados menos desenvolvidos, pode ser considerado uma commodity. Não é a toa que os jogadores que mais saem dos seus países são jogadores com origens em localidades subdesenvolvidas. O preço é algo que importa, e muito.
 
Pois bem. Dado o momento que atravessa o Brasil e a possível valorização do Real no mercado internacional, como fica o mercado de transferência de jogadores? Haverá um efeito contrário ao “Exportar ou Morrer”? Ficará o jogador brasileiro tão caro que será melhor contratar jogadores de outros países menos desenvolvidos, principalmente da América do Sul?
 
O que vai acontecer, exatamente, é complicado dizer. Mas que vai haver alguma mudança, isso vai. Quer dizer, já ta acontecendo. É cada vez maior o número de jogadores estrangeiros presentes em clubes brasileiros. Entretanto, essa tendência não deve ser muito acintosa, afinal tem muito jogador de futebol no Brasil. E a partir do momento que os clubes de fora fecharem a porta por conta do preço, esses jogadores terão que se voltar ao mercado interno, que já está um pouco saturado. Com mais oferta e a mesma demanda, o preço cai. Jogadores ganharão menos e os valores de transferência serão menores. Talvez chegando ao ponto de voltar a valer a pena financeiramente para o mercado internacional. Aí a situação não se altera muito daquilo que existe hoje.
 

O problema é a hora que os jogadores em formação perceberem que dá pra ganhar dinheiro mais fácil em outros mercados de atuação. Aí sumirão jogadores e o futebol brasileiro precisará adotar uma política de importação ferrenha. Daí tudo muda. Afinal, o futebol brasileiro não irá mais exportar. Isso significará que ele pode morrer?

Para interagir com o autor: oliver@universidadedofutebol.com.br

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