Estado de choque 2

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Recentemente abordamos neste espaço o escandaloso tema que foi o vexame, ocorrido no Recife, do confronto entre policiais e jogadores do Botafogo após a trapalhada de André Luís. O caso parece ter levantado uma batalha que ultrapassa os limites da racionalidade e, finalmente, começa a gerar na imprensa o debate do papel do jornalista no esporte.

Desde o caos no Recife, uma batalha se espalhou pelos especialistas da imprensa. O ápice dessa disputa veio mais uma vez do You Tube, com o vídeo cada vez mais famoso em que Luciano do Valle desabafa contra colegas de emissora e dá uma banana para o bom senso cobrando, exatamente, racionalidade daqueles que trabalham com ele.

Luciano está acima do bem e do mal para muita gente. E o que ele fez foi colocar o dedo na ferida que, a cada dia, abre mais na entranha do jornalismo esportivo. Qual o senso de responsabilidade de quem empunha microfones ou dedilha as teclas de um computador?

É cada vez mais um senso comum entre os coleguinhas que falta um parâmetro para nortear o trabalho dos profissionais da imprensa esportiva. Ainda temos muitos ex-atletas no cargo que poderia ser ocupado tranqüilamente por um jornalista. E muitas vezes jornalistas que descumprem o juramento feito quando da sua formatura na faculdade.

O fato é que, finalmente, começa a ganhar corpo o debate para que seja criado um código de boa conduta (para não dizer um código de ética, mesmo) no jornalismo esportivo. Será que é possível usar o microfone para dizer sentenças definitivas sobre determinado tema sem que se tenha o mínimo de responsabilidade sobre aquilo que se fala?

Pode um profissional da imprensa esportiva falar o que quer e não ser punido por dizer o que não deve? Será que nunca vamos ter um termômetro para medir o impacto de uma declaração de uma pessoa numa emissora de TV, num jornal, na internet, na rádio, no bar da esquina no comportamento do torcedor?

Certamente não existe fórmula fechada sobre o exercício do jornalismo. Cabe ao jornalista seguir o seu parâmetro ético para nortear seu trabalho. Mas começa a ser cada vez mais evidente que, do jeito que está, não dá para ficar. O jornalismo tem cedido espaço ao achismo e, com isso, reforçado todos os preconceitos, de todos os lados.

O estado de choque em que ficou o futebol no jogo André Luís x Polícia de Recife não pode, sinceramente, voltar a chocar o país quando algo de mais grave acontecer em decorrência de insultos proferidos por pessoas irresponsáveis com sua profissão.

Ou começamos a pensar duas vezes antes de falar, ou veremos o profissional de imprensa não ter mais o direito de ter voz para falar. E aí o estado de choque vira estado de sítio.

PS: Pretendia abordar nesta segunda os reflexos de Paraguai x Brasil na cobertura da imprensa e no futuro de Dunga no time nacional. Até pelo fato de estar no Paraguai trabalhando no jogo pelo Bandsports. Mas o blecaute brasileiro deixa o céu de Dunga completo de nuvens. Só que, como Dunga é Dunga, a sorte é bem capaz de soprar a seu favor na quarta-feira. E o Brasil, de quarto colocado, salte para segundo. Impossível não é. Ainda mais tendo um rival que gosta de deixar o Brasil jogar como é a Argentina. E aí, para variar, a bola vai calar a crítica. E os problemas vão continuar…

Para interagir com o autor: erich@universidadedofutebol.com.br

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