TPJO (Tensão Pós Jogos Olímpicos): “Fecham-se as cortinas e termina o espetáculo”

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Sempre que se encerram os Jogos Olímpicos nós, amantes do esporte, sentimos aquele vazio, aquela tristeza, o famoso TPJO (Tensão Pós Jogos Olímpicos), o que fazer até passarem-se quatro anos ?  Afinal para quem vive do, pelo e para o esporte e nas horas vagas se entretêm com ele sem dúvidas vive um momento mágico.

Torcer, como um povo sofrido pelo sentimento de união da nação, de força, de superação. Criticar, como observadores, o planejamento, a falta de investimento, o desvio de verbas, o descaso com a ciência. Misturar entre tantos outros sentimentos, orgulho, frustração, indignação, alegria e emoção com o hino nacional raramente tocado. É sem dúvida uma complexa relação que estabelecemos com os jogos, para alguns excessiva, para outros natural, enfim opiniões tão diversas como as possibilidades de reflexão que se abrem.

Modernidade, organização, precisão, imagens sensacionais, não dá para esquecer da famosa imagem em “câmera ultra-lenta”, nem tão pouco das falhas como o sumiço da vara, que transformou a atleta Fabiana Murer em verdadeira protagonista de uma tragédia Grega.

Faço minha reflexão, com muito receio, pois dei uma repassada nos textos anteriores, e gostaria de ser menos pessimista e ranzinza com as questões tecnológicas no esporte nacional, sobretudo no futebol, mas sou brasileiro e não desisto de trazer em textos futuros boas novas para a torcida brasileira eternizada na voz do saudoso Fiori Giglioti, (que fico aqui imaginando como ele teria narrado o ouro de Cesar Cielo), mas enquanto isso tento me ater nas condições sob aquilo que conduz meus olhares.

Sempre ouvimos ao término dos jogos, o discurso de reflexão, de aprendizado, de evolução do esporte nacional, e ficamos numa análise mais racional desapontados com a distância que nossa estrutura está em relação as demais. Ouvimos promessas, expectativas de evolução fenomenal para o próximo e tão orgulhosamente chamado ciclo olímpico, mas o fato é que parece um discurso gravado numa fita cassete e transposto para um CD ou DVD, e provavelmente na próxima, esse discurso já esteja gravado no BLU-RAY (para alguns, a evolução do DVD).

Mas o amigo da Cidade do Futebol pode se perguntar o que dizer do Cesar Cielo ? Com muito orgulho e emoção vibrei com a conquista desse fantástico nadador brasileiro que treinou ou treina nos Estados Unidos com um técnico australiano, e que por sorte nossa não desistiu de representar seu país natal, que acredito pouco ter contribuído com o desenvolvimento desse campeão olímpico.

As cortinas foram fechadas, e é mais do que necessário para aqueles que defendem e atuam no esporte de competição em alto nível , que mais do que os batidos discursos, de nossos dirigentes, pós jogos olímpicos temos que observar profundamente as razões de tais diferenças. E esse observar vai muito além de por um óculos para enxergar melhor.

Nos aspectos tecnológicos a frase Alan Kay em destaque no inicio dessa coluna, representa um ponto importante no qual precisamos refletir.

Enquanto para nós o show de imagens é o marco da invenção tecnologia que fica desses jogos, para outros países habituados a tecnologia, que nasceram ou fizeram nascer deles inúmeros recursos, o desempenho esportivo é fruto de nada mais nada menos que um cotidiano de planejamento , de investimento (e isso falta no nosso pais, e não só no aspecto financeiro, mas também no aspecto de prioridade dos profissionais e capacitação para lidar e exigir tais condições).

Um cotidiano que leva o treinamento de um Michael Phelps para túneis de água e recursos biomecânicos para aproveitar sua estrutura corporal aos melhores e mais adequados movimentos dentro da água, que leva aos atletas o treinamento numa Hydro Physio Lifestyle Water Resistance, equipamento de treino resistido na água, que estuda ação dos adversários em busca do melhor proveito como a técnica da seleção feminina de futebol dos Estados Unidos, enfim poderíamos aqui enumerar uma gama de recursos e possibilidades que pudemos observar no decorrer desses jogos, mas seriamos extremamente repetitivos.

E antes que nos conformemos que tudo isso é muito caro para a realidade brasileira, lembro que temos no Brasil, empresas e universidades que desenvolvem grandes trabalhos e pesquisas, que acabam achando mercado muito mais receptivo fora do nosso país, principalmente pela capacidade dos profissionais estrangeiros de priorizar tais recursos no planejamento e treinamento.

Fica a reflexão, fica o olhar, ficam os recordes e as medalhas, ficam as imagens, mas sinceramente espero que não fiquem os discursos. Espero que possamos nascer para o mundo tecnológico no esporte.

Para interagir com o autor: fantato@149.28.100.147

 

“A tecnologia só é tecnologia para quem nasceu antes dela ter sido inventada.”
( Alan Kay )

 

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