Novos Tempos

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Caros amigos da Universidade do Fubebol,

 

Como temos visto, os tempos parecem ser outros. A soberania do capitalismo mundial parece estar sob grande ameaça, por conta da ganância e da falta de ética por parte daqueles que buscam lucros a todo custo, sob o manto do liberalismo. Por causa dessa irresponsabilidade descontrolada, a intervenção no sistema privado surge como a única solução para evitar a quebra de todo um sistema financeiro mundial.

 

A regra que vemos todos os dias no noticiário é a nacionalização de grandes instituições privadas, para, no final das contas, salvaguardar a poupança dos pobres cidadãos comuns.

 

Seguindo esse caminho, entendo que o mercado do futebol profissional carece de solução semelhante. Não que o futebol esteja em crise. E também não que o futebol não esteja sofrendo consequências da crise mundial. Mas sabemos que os campeonatos no mundo não vão parar. O futebol, de tão popular, passar de um simples jogo, um simples negócio, para uma fenômeno de utilidade (ou necessidade) pública, social e cultural.

 

Porém, sabemos que a administração dos clubes sempre foi encarada de uma forma peculiar. Muitos clubes acumulam dívidas milionárias. Não conseguem arcar com as dívidas fiscais e trabalhistas, e muitas vezes não honram com os compromissos salariais. É uma história que não parece ter fim.

 

O jogo de “gato e rato” que travam historicamente clubes e INSS daria para escrever um bom livro. E a impunidade é grande, como sabemos.

 

Faço aqui uma importante ressalva. Temos hoje grandes casos de dirigentes competentes e clubes saneados. Não se pode generalizar por completo a crítica.

 

De toda forma, uma excelente medida seria uma maior intervenção, não necessariamente estatal, mas principalmente das autoridades desportivas, que melhor conhecem o funcionamento dos clubes. Como disse recentemente o presidente francês Nicolas Sarkozy e atualmente na presidência francesa do conselho da União Européia, o “Laissez-faire” está acabado. Não tenho absoluta certeza disso, porém podemos aproveitar o momento para utilizar essa reflexão no futebol.

 

Na Europa, algumas propostas estão sendo estudadas para tentar “ajudar” na gestão dos clubes. Tópicos como um limite nas despesas com salários dos clubes, a obrigatoriedade de um maior budget para categorias de base e uma limitação no número de contratos de trabalho para clubes são comuns nas rodas dos “rulemakers”.

 

É claro que, nos tempos modernos, o futebol se aproximou muito do poder judiciário, que hoje o vê como um negócio como outro qualquer. Entretanto, como tanto defendemos, exitem especificidades no futebol que devem ser consideradas e respeitadas.

 

Assim, algumas dessas medidas, apesar de terem uma grande dificuldade de execução face a uma aparente ilegalidade, podem perfeitamente não o serem por conta do seu objetivo principal, de ordem pública. Esse objetivo é justamente possibilitar aos clubes que honrem dívidas fiscais, promovam inclusão social, desenvolvam as respectivas comunidades locais, etc. É a função social e cultural do futebol.

 

Assim, a discussão começa a ganhar corpo na Europa, e deve ser acompanhada de perto em países como o Brasil, para que haja um aproveitamento daquilo que de melhor pode ser extraído, observando-se as peculiaridades de cada país.

 

A batalha é longa, mas um dia chega-se lá.

Para interagir com o autor: megale@universidadedofutebol.com.br

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