A questão das academias privadas

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Caros amigos da Universidade do Fubebol,

Ainda sobre a questão da proteção e desenvolvimento de jovens jogadores e proteção de clubes formadores, sobre a qual nos debruçamos em algumas das colunas anteriores. Ainda nos resta falar sobre um importante tema: as academias privadas de futebol.

Como sabemos, cada país tem a sua realidade e deve encarar os problemas que surgem conforme a sua situação específica.

No mundo do futebol, há países em que os clubes são economicamente fortes e possuem seus departamentos de base muito bem equipados. É o caso, por exemplo, da Inglaterra. Em outros países, muitos clubes mal conseguem sustentar a categoria profissional, e, assim, não dispõem de um centavo sequer para investir na formação de jogadores.

Nesse cenário, aparecem as academias privadas. São, geralmente, escolas de futebol que encontram-se fora da, digamos, família do futebol. Combram taxas de adesão e mensalidades dos alunos, e não participam de competições organizadas pelas federações (nacionais ou estaduais).

Dependendo da situação de cada país, e da efetiva atuação dessas academias privadas, elas podem contribuir com o preenchimento de uma importante lacuna deixada por clubes de futebol. Mas, por outro lado, também podem representar, se utilizadas de outra forma, grande ameaça para o status quo do negócio do futebol.

A Fifa tem manifestado grande interesse em regulamentar, fiscalizar e controlar essas academias, o que poderá resultar em importantes alterações nos regulamentos daquela entidade, em especial, do Regulations on the Status and Transfer of Players.

A preocupação encontra-se em duas frentes.

Em primeiro lugar, a formação de jovens reclama um conjunto de regras específicas. Os profissionais técnicos devem ser adequadamente preparados para lidar com jovens. A metodologia também. O acompanhamento psicológico e pedagógico deve ser feito de modo a acomodar a preparação física com a educacional.

Enfim, uma série de medidas devem ser tomadas para o acompanhamento adequado dos jovens. E, como as academias não estão oficialmente dentro da família do futebol, não há meios de fiscalizar tais práticas pelos órgãos competentes (no caso do Brasil, as federações).

Em segundo lugar, existe uma grande preocupação com o chamado “third party ownership” sobre jogadores. Em outras palavras, a Fifa está atualmente preocupada com a propriedade de terceiros (que não clubes) nos direitos sobre contratos de jogadores. Isso porque tais participações de terceiros acabam por (i) inflacionar o valor das tranferências; e (ii) retirar dinheiro das transferências do meio do futebol (normalmente, o valor das transferências, líquido de comissões legítimas, deveria ser destinado apenas aos clubes, que o reinvestiria no próprio futebol, beneficiando outros jogadores, comunidade local, etc). No caso de terceiros, esse valor não é necessáriamente reinvestido no futebol.

E essa segunda preocupação justifica-se aqui, uma vez que, muitas vezes, por trás das academias privadas estão empresários que pretendem lucrar com transferências de jogadores lá formados, sem terem ônus de clubes regulares (participar de competições oficiais, construir estádios, etc, etc).

É sempre bom lembrar que, no Brasil, essas academias prestam uma função importante, já que a quantidade de clubes com capacidade de desenvolver um programa de formação de jovens não consegue, nem de perto, suportar a grande demanda de jovens com interesse em praticar o esporte.

Por outro lado, as preocupações aqui mencionadas são legítimas, e podem ser aplicadas ao caso do Brasil. Temos que estabelecer regras mais rígidas.

É preciso cuidado, pois com formação de jovens jogadores, e consequente construção do futuro sustentável do futebol brasileiro, toda atenção sempre será pouca.

Para interagir com o autor: megale@universidadedofutebol.com.br

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