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Nos últimos dez anos, com a solidificação da internet, o jornalismo tornou-se algo muito mais “simples” de ser praticado. O acesso à informação é atualmente muito mais amplo do que no início dos anos 90, quando as palavras “e-mail” e “internet” não faziam parte do cotidiano do jornalista.

Com a facilidade da internet, a prática do jornalismo foi facilitada pela agilidade na transmissão de dados e, consequentemente, de informações. Afinal, até 1995, mais ou menos, o fax e o telex ainda eram as melhores formas de entrar em contato com uma redação de um jornal, revista, rádio ou TV.

A partir da popularização da internet, o jornalista começou a ser informado sobre pautas pelo e-mail, um modo extremamente eficiente e rápido para comunicar sobre determinado assunto. Se, antes, chegava uma folha de fax numa redação para 50 pessoas, agora as mesmas 50 pessoas recebiam, em sua caixa de e-mail, um comunicado personalizado.

Outra característica arrasadora desse novo momento de se fazer jornalismo foi o recurso do uso da web para pesquisas e buscas de informação na apuração jornalística. Antes, para saber determinado assunto, o repórter tinha de recorrer ao arquivo de sua instituição, nem sempre a mais prática e completa fonte de informação sobre determinada pessoa.

Com a internet, também, pesquisar se tornou algo muito mais simples. Com o “Google” e o “Wikipedia”, então, passou a ser banal descobrir informações sobre determinado tema, pessoa ou lugar a partir das maravilhas do clique do mouse.

Que o diga o poderosíssimo jornal “The Times”, da Inglaterra, e mais diversos outros veículos pelo mundo inteiro. Na semana passada, os britânicos divulgaram uma lista com os 50 jogadores que devem ser notícia no futebol mundial nos próximos anos.

No Brasil, a relação do Times passou a ser reproduzida com a colocação de Hernanes, do São Paulo, em primeiro lugar da lista. Na Moldávia, o levantamento também teria causado frenesi parecido. Explica-se:

Em 30º lugar dessa relação, aparece o nome de Masal Bugduv, um habilidoso jogador moldávio de apenas 16 anos. Cogita-se, inclusive, que o meia estaria se transferindo para o Arsenal, da Inglaterra, à espera apenas da sua documentação para poder ir para o clube, num caso muito similar ao de Denilson, ex-São Paulo.

A citação na lista do Times fazia todo sentido. Sites sobre jovens promessas do futebol citavam Bugduv. Outros veículos comentavam o surgimento de um oásis no meio do deserto do futebol da Moldávia. Até mesmo a agência de notícias Associated Press teria feito uma matéria destacando as qualidades do atleta.

Até que um site decidiu voltar para o caminho básico da apuração jornalística pré-internet. Sem conseguir ir até o lugar, vamos procurar entrevistar jornalistas daquele país para saber mais sobre determinado atleta. E o caso foi parar no editor do “Mold Football”, uma espécie de Cidade do Futebol moldávia.

Não deu outra: “esse jogador não existe”, afirmou o responsável pela publicação.

O Times retirou qualquer menção a Bugduv de sua lista. Os diversos veículos que confiaram na informação que os britânicos deram tiveram de contar a história desde o início, fazendo com que a própria relação fosse desmerecida após tal farsa.

E, na Irlanda, um pessoa provavelmente estava rindo à toa. Afinal, ao que parece tudo começou num comentário de uma pessoa dentro de um blog, citando o famoso jornal “Diário Mo Thon”, da Moldávia, o primeiro veículo a falar sobre Bugduv.

“Mo Thon”, numa tradução livre para o irlandês é “meu rabo”. E Masal Bugduv seria uma brincadeira fonética com “Masal beag dubh”, expressão que pode ser traduzida do irlandês para “meu pequeno burro preto”. 

A internet faz maravilhas para o jornalista. Desde que ele saiba que ela é um meio para se informar, mas nunca o fim… Ainda mais quando o internauta tem total ingerência sobre a produção do conteúdo.

Para interagir com o autor: erich@cidadedofutebol.com.br

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