Dimensões tecnológicas na Copa de 2014: o jogo

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Sempre que se fala em estrutura de estádio, é comum discutirmos, como fizemos nos últimos textos, a questão do conforto e benefícios para o espetáculo, a questão da comunicação e recursos para a imprensa, ou ainda aspectos de acessibilidade.

Um item sempre fica de fora da lista de necessidades de modernização e atualização tecnológica de um estádio. É a preocupação destinada ao jogo propriamente dito.

Seja ele visto como um espetáculo, envolto de interesses mercadológicos, seja ele entendido como uma manifestação cultural da sociedade, enfim, observado sob suas várias possibilidades de interpretação, não podemos esquecer que a célula básica é o jogo de futebol.

Desempenho, performance, resultado, comparação, detalhes que fazem a diferença entre vitória e derrota, itens esses que vão movimentar os corações dos torcedores e o humor dos investidores.

Mas e o estádio? Quais as necessidades que devem ser atendidas?

De bate pronto, me recordo da discussão de alguns anos atrás com a reforma da Vila Belmiro e mais recentemente com os ajustes no Parque Antártica. Entre críticas e elogios a questão do banco de reserva ser mais vistoso (que pese o espaço que se abre para patrocínio) e confortável. Lembro perfeitamente um famoso colunista de um jornal de São Paulo, dizendo que tudo isso era desnecessário. Justificava ele, que um banco de reserva confortável só serviria para um técnico passivo que não participa do jogo e para os jogadores que não são protagonistas (leia-se: não são titulares).

Um técnico que fica sentado no banco, pode representar que a equipe é bem treinada e não precisa de uma pessoa ao lado “berrando” o jogo inteiro para fazer as coisas se acertarem. E a noção de que os reservas não tem importância é uma visão ultrapassada, haja visto que muitos reservas são peças chaves de equipes, que hoje com os pontos corridos no Brasil torna tão evidente a importância de um elenco e de uma estratégia de utilização do mesmo. O tal conforto permite o jogador uma postura melhor, evitando possíveis desvios posturais que possam evoluir para algum quadro de lesão, por exemplo.

Outro ponto foi a instalação de grama no vestiário para aquecimento e no corredor que leva ao campo. Quantas críticas surgiram, julgando desnecessário, que era apenas uma forma de ganhar visibilidade, até que se compreendesse, que o risco de um escorregão para o jogador que está de chuteira é menor do que no piso normal, o impacto também é mais adequado para o trabalho de aquecimento, dentre outros benefícios.

Fica evidente que são avanços processuais, que fazem parte de uma otimização e facilitação dos procedimentos, minimizando riscos, melhorando qualidade do trabalho e conseqüentemente maiores possibilidades de resultado.

Na natação é tradicional a questão da depilação de todo o corpo dos atletas, ainda que estudos não entrem em acordo sobre os reais benefícios. Mas é um procedimento normal e incorporado na modalidade. É um detalhe que pode determinar o resultado. A quem diga que na natação milésimos de segundo consagram ou fazem cair no esquecimento, mas são os mesmos milésimos de segundo que podem definir um gol de uma partida.

Agora,  que outros elementos podem fazer parte de uma infra-estrutura de jogo?

Muitas são as possibilidades, vou me debruçar mais especificamente na idéia que defendo de uma Central de Inteligência de Jogo (CIJ). Mais adiante exploraremos mais afundo esse conceito.

Numa CIJ, por exemplo, podemos ter a estrutura de filmagens dos jogos, seja em ângulos específicos , seja em formas combinadas para diferentes tipos de análise. Exige uma estrutura de equipamento, uma central de informática, uma equipe de TI, mas, sobretudo, profissionais que saibam transformar os dados em informação essencial para o futebol.

Outra possibilidade é a utilização de scouts, sejam eles apenas quantitativos, sejam eles de análise de modelação de jogo, sejam eles para que fim for atribuído. Mas exige uma estrutura, sim, de fato, e o mais intrigante é que não é nada absurdo para a realidade brasileira. O que é necessário para criar essa central, não são coisas fora do comum. Dependendo do nível de serviço ou produto utilizado pelo clube, pode-se variar os equipamentos entre: um notebook, um computador central, um palm, um rádio, um projetor, etc.

Sem muito nos alongar e tornar repetitivos, vemos que as possibilidades são variadas e não são custosas a ponto de inviabilizar a montagem de uma estrutura no estádio. E nem por isso devem ser deixadas para depois, afinal um bom planejamento permite otimizar os espaços a fim de possibilitar que a tecnologia e todo o beneficio que ela venha a trazer não fique restrita a uma sala lá no alto do estádio, sem integração com o campo, com o vestiário e até mesmo com a sede do clube. (afinal a internet já está ai há um bom tempo).

Em termos de infra-estrutura de jogo acredito que o mundo e o Brasil possuem hoje soluções tecnológicas adequadas e satisfatórias, diria que algumas inclusive estão a frente da real percepção de sua importância hoje no meio.

A questão é que politicamente a infra-estrutura de jogo para um estádio pode não ser tão atrativa e mais, os profissionais do meio não juntam forças em busca de garantir condições para que se desenvolvam algumas dessas idéias, muitas vezes por não acompanharem ou se atualizarem sobre as possibilidades dos recursos tecnológicos aplicados ao futebol.

Para interagir com o autor: fantato@universidadedofutebol.com.br

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