Casa cheia – parte 1

Entre para nossa lista e receba conteúdos exclusivos e com prioridade
Entre para nossa lista e receba conteúdos exclusivos e com prioridade

O Atlético-PR comemorou, na última terça-feira, o feito de ter todas as 22.772 cadeiras da Arena da Baixada vendidas para sócios do clube.

Muito disso se deve à própria infra-estrutura e localização privilegiada do estádio, que impulsionaram as vendas dos planos de sócio, aliados às conquistas desportivas do clube e a um modelo de gestão de sucesso – contemporâneos a sua construção.

Nesse sentido, não faltam exemplos no futebol europeu, em especial junto aos clubes ingleses, como o Arsenal e o Manchester United, que trabalham com altíssimos números de associados com direito a ingressos e taxas de ocupação dos estádios em dias de jogos perto do limite máximo.

Com efeito, esse contexto permite previsibilidade de receita para o clube, além da motivação desportiva vinda do estádio cheio e da valorização do espetáculo para todos os stakeholders envolvidos (patrocinadores, TV, veículos de comunicação, torcedores e, até mesmo, os adversários), pois o fato contribui para o incremento em valor das competições em que o clube esteja envolvido. Vale dizer, que isso dota o clube de poder financeiro direto e indireto para retroalimentar sua gestão. 

Outro exemplo de êxito no Brasil é o Internacional, com mais de 80 mil sócios em seu quadro, atualmente, e que, segundo projeção do clube, deverá atingir a meta de 100 mil até o fim do ano. Isso gera uma receita mensal estimada em quase R$ 3 milhões – o mesmo montante pago por seu patrocinador principal, mas por ano… Grande parte desses sócios têm direito a ingressos para os jogos. Por isso, o clube teve problemas para equalizar os planos de associação que dariam direito a ingresso integral frente à capacidade total do estádio Beira-Rio (em torno de 50 mil pessoas). 

Este exemplo serviria, seguramente, ao desenvolvimento do potencial do Corinthians, que “comemorou” ter alcançado dez mil sócios desde 2008 até a semana passada. Nesse caso, vê-se nitidamente a importância de um estádio para chamar de seu na vida de um clube como catalisador de receitas. 

Até aqui, o lado bom da história inspirado pela visão profissional de quem acompanha de perto o desenvolvimento da indústria do futebol.

Agora, o lado difícil inspirado por uma conversa inteligente, porém informal, com um grande amigo e sócio-torcedor do Atlético-PR desde o antigo estádio.

“Com essa realidade, quem quiser ver jogos específicos nem sequer terá opção de comprar ingresso. Além disso, para o clube é ótimo, mas para a torcida, o problema é não ter time suficientemente competitivo para disputar os campeonatos e ficar pagando todo o mês a associação”.

Instigado por seus argumentos, afirmei que concordava com a sua inquietação sobre a gestão do departamento de futebol, ao mesmo tempo em que ambos reconheciam que a estabilidade financeira para o clube é fundamental para todo e qualquer planejamento estratégico de médio e longo prazos.

Acredito que um caminho para responder algumas dúvidas sobre este dilema está no conceito de elasticidade da demanda: mudanças no mercado (vendas) quando há mudança no preço. Elasticidade é a medida de como os consumidores reagem (sensibilidade) às mudanças no preço.

Este conceito será abordado em conjunto com outras variáveis, inclusive de desempenho desportivo, para se tentar construir algo conclusivo sobre a discussão.

Em outras palavras: o que acontece quando se aumenta o preço de um produto esportivo? Como isso afeta a margem de lucro, as receitas e as vendas? E se os preços forem reduzidos? Mais ou menos consumidores comprarão os produtos? Mudar o preço garante mudança no padrão de consumo? O desempenho do clube em campo é termômetro absoluto da associação de torcedores, ou é o preço o fator essencial nessa realidade? E a inadimplência dos associados, ocorrerá por critérios meramente econômicos ou se sujeita ao sabor de vitórias e derrotas?

Para interagir com o autor: barp@universidadedofutebol.com.br

Autor

Compartilhe

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on email
Share on pinterest

Deixe o seu comentário

Deixe uma resposta

Mais conteúdo valioso