As janelas quebradas do futebol brasileiro

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No começo, achei que era coincidência, ilusão de ótica, desatenção. 

Mas, rapidamente, constatei, por observar e por ouvir do próprio diretor de marketing do Corinthians, que “a camisa poluída de marcas de patrocinadores que fatura muito mais do que outras mais limpas” fez o clube a aumentar a área útil do outdoor ambulante.

Do meu tempo de atleta de futsal, lembro, perfeitamente, que uma das primeiras lições de comportamento e disciplina aprendida era que todos deviam colocar as camisas por dentro do calção – símbolo de ordem e organização da competição. Treinadores e juízes cobravam dos atletas esta postura que, no meu caso, permaneceu automatizada em todos os campeonatos e peladas que disputo até hoje.

No caso do clube paulista, todo o elenco entra com as camisas à mostra, por completo, desleixadamente, para expor a marca de um dos patrocinadores. Até agora, não testemunhei reprimendas ou corretivos por parte dos árbitros. E não será o Mano Menezes que irá fazê-lo.

Confesso que não encontrei informações credenciadas, na internet, que me levassem a afirmar se essa conduta é normatizada pela Fifa ou International Board e seus regulamentos, como proibida ou permitida. Mesmo porque, não é esse o ponto em questão.

Esse fato é, a meu ver, bastante ilustrativo de como o futebol brasileiro, em geral, e as competições, em particular, necessitam de organização, disciplina, de um roteiro ordenado segundo procedimentos profissionais e mercadológicos capaz de criar valor. Como ocorre na Europa, em geral e, em particular, na Champions League – e quem a acompanha, sabe que o espetáculo não ocorre somente na partida final.  

A Uefa planejou todos os detalhes. Desde a entrada das equipes em campo, passando pela logomarca, propriedades de patrocínio e até mesmo o famoso hino, composto por uma grande orquestra européia. Não é por nada que, proporcionalmente, a competição rivaliza com a Copa do Mundo da Fifa nas finanças.

Para quem teve seu desejo atendido, de realizar uma Copa do Mundo, o país do futebol tem muito a fazer ainda. Muitos detalhes somados, de agora até 2014, que, só assim, habilitarão o sucesso do evento e poderão perenizar os efeitos benéficos para a gestão do esporte no Brasil. 

A “Teoria das Janelas Quebradas” enuncia a iniciativa do Metrô de Nova York para combater atos de vandalismo, pichações e calotes nas catracas na década de 1980. Seus criadores argumentavam que, se as pessoas que ali transitavam nesse ambiente depreciado, ou achariam que isso era normal, sempre fez parte do cenário, ou, pior, continuariam com o processo de degradação.  

O plano obteve êxito e foi expandido para toda a cidade sob um plano de segurança pública, nas mãos do prefeito Rudolph Giuliani, que lhe deu notoriedade e ficou conhecido como “Tolerância Zero”.

No Brasil, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, lançou em 2009 o “Choque de Ordem” visando revitalizar áreas e serviços urbanos.

Será que teremos o “Choque de Gestão” no futebol brasileiro, ou ele continuará assim, como sempre foi?

Tem muita janela quebrada para consertar.

Para interagir com o autor: barp@universidadedofutebol.com.br

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