Você já parou para se perguntar qual foi a melhor coisa que não lhe aconteceu?
Fomos educados e estamos acostumados a esperar positivamente pelas coisas.
Positivamente, entenda-se aqui, como algo que acontece em contraposição ao que deixa de acontecer.
Mas, será que os não-acontecimentos também não seriam valiosos para a evolução das pessoas e, na mesma esteira, de nossas instituições?
No Estado do Paraná, um episódio marcante pode ilustrar como esses não-acontecimentos podem provocar reações positivas.
Em 1995, o Atlético-PR sofreu uma humilhante goleada de 5 x 1 para o seu maior rival, o Coritiba, e ficou fora da disputa do título estadual.
Dirigentes do clube, liderados pelo já mítico Mario Celso Petraglia, reuniram-se para lançar as bases de uma revolução administrativa no clube, impulsionando-o para a organização, a infraestrutura e os títulos.
À parte dos resultados alcançados ao longo dos quase 10 anos seguintes, o que realmente interessa, é a postura transformadora adotada por esses dirigentes a partir de uma situação esportiva isolada, porém, representativa de uma gestão anterior que não funcionava ao longo dos anos.
Até hoje, os torcedores do Atlético-PR “agradecem” pela goleada sofrida frente ao maior rival.
Nem só com processos administrativos absolutamente planejados como nós queremos é que se move o mundo. Às vezes, são necessários saltos evolutivos e não-acontecimentos daquilo que esperávamos acontecer automaticamente.
O aleatório também está presente em nosso cotidiano – muito mais do que supomos, e também provoca e influencia reações em nossas atitudes ou omissões – queiramos ou não.
Na linguagem “boleira”, quando se está numa situação muito difícil, sem vitórias, sem títulos, costuma-se dizer que “se o time perder hoje, até a cozinheira e o roupeiro vão cair…”.
Nesse sentido, quem sabe, realmente exista um lado muito positivo de não-acontecimentos para o seu clube.
Portanto, na próxima vez em que for “secar” o treinador para não acontecer de ganhar determinada partida e ser demitido, pode valer a pena que você inclua nesses pensamentos os seus dirigentes.
Para interagir com o autor: barp@universidadedofutebol.com.br