Declarações pasteurizadas

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Na próxima terça-feira a seleção brasileira faz o último jogo antes da Copa do Mundo. Ou melhor, quase todas as seleções fazem seu último desafio antes do Mundial. E, por isso mesmo, o que era para ser um momento de grande exposição dos atletas na mídia se transformou num desfile de declarações pasteurizadas. Mundialmente!

Na semana passada, Cristiano Ronaldo participou de evento da Nike em Londres. Diante de mais de 300 jornalistas do mundo todo, o atacante do Real Madrid e da seleção portuguesa disse que o Brasil é favorito ao título, que o grupo em que Portugal está é o “da morte” (Brasil, Costa Rica e Coreia do Norte complementam a chave) e que ele espera fazer um bom torneio.

No dia seguinte, Alexandre Pato foi o “astro” do evento. Dessa vez, uma entrevista coletiva com jornalistas se estapeando para pegar uma grande declaração do atacante do Milan, provavelmente ausente da Copa do Mundo. Pato disse que espera ir à África do Sul, que gostou da camisa da seleção e que a chuteira nova do patrocinador é muito boa.

Ontem e hoje, jogadores brasileiros desembarcaram aqui em Londres para o último amistoso antes da convocação para a Copa do Mundo. E mantiveram a mesma linha de declarações:

“Vale qualquer sacrifício para o último amistoso”. “Não é porque é amistoso que o jogo não vale nada”. “Entraremos com a mesma vontade do que se fosse a estreia na Copa”. “O Dunga é quem sabe quais serão os 23 convocados, eu só espero dar o meu melhor para estar lá”.

No final das contas, para a mídia que depende do declaratório dos jogadores, a semana em Londres foi praticamente inútil. De pouco adiantou, jornalisticamente falando, a Nike levar jornalistas de dezenas de países para ter contato com os seus patrocinados. Talvez tivesse sido mais eficiente fazer fotos dos atletas com as camisas das seleções e enviarem-nas para as redações. Sem dúvida o custo seria infinitamente menor.

Mas por que isso acontece?

Em 2006, Rogério Ceni disse pouco antes da convocação de Parreira para o amistoso contra a Rússia, o único pré-Copa do Mundo, que preferiria defender o São Paulo na estreia da Copa Libertadores a ser chamado para o banco de reservas de um amistoso da seleção.

O mal-estar foi refeito, Rogério não só foi chamado para a partida, como foi titular e chegou até a Copa do Mundo. Mas também, antes mesmo de embarcar para a Rússia, o goleiro tricolor já tinha usado o discurso-padrão.

“Nunca é roubada jogar pela seleção. É sempre uma honra”, disse o atleta após treinar na Rússia.

Roubada, sem dúvida, é o declaratório pasteurizado de jogadores e treinadores nessa época do ano. O fenômeno é mundial. Afinal, ninguém quer perder a chance de realizar o sonho de jogar uma Copa do Mundo por uma frase infeliz…

Para interagir com o autor: erich@universidadedofutebol.com.br  

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