A “não-celebração” do gol marcado por Neymar na vitória do Santos contra o Remo, no meio de semana em Belém, foi a melhor resposta que os jogadores santistas poderiam dar à absurda e batida discussão sobre as comemorações de gols no futebol.
Tão antiga quanto o primeiro gol marcado num jogo, a celeuma que o festejo causa na mídia é, mais do que qualquer outra coisa, uma excelente prova de que falta assunto ao jornalista na grande maioria das vezes.
O clássico entre Santos e Palmeiras, talvez o mais interessante jogo de futebol deste ano, mereceu muito mais discussão pelas comemorações dos jogadores do que pelo jogo em si.
Não se discutiu tática, estratégia, sistema de jogo, variação de jogadas, estratégias motivacionais. Nada disso valeu. O que passou para a mídia foi o debate vazio sobre os jogadores celebrarem um gol após a marcação.
Foram quase 15 jogos de invencibilidade do time santista, marca que foi pulverizada por uma grande atuação de um Palmeiras desacreditado por todos, especialmente por seu torcedor. E o debate cercou-se nas comemorações de santistas e palmeirenses após o jogo…
A prova de que o debate era tão vazio foi dada pelos próprios garotos do Santos, na quinta-feira, ao fazerem o primeiro gol sobre o Remo. Os jogadores pararam e fingiram não celebrar o gol que haviam acabado de marcar.
Para variar, o interesse na polêmica vazia tira o brilho de qualquer discussão mais “profunda” da mídia esportiva. E Neymar, Ganso e Cia. souberam mostrar isso de forma irreverente, calando os críticos e mostrando que, no futebol, pode-se ganhar e perder.
Jogar futebol com felicidade é algo cada vez mais raro nesses tempos em que a pressão pela vitória, o massacre da mídia pelo resultado e a intolerância ao erro parecem consumir o bom humor e a irreverência do jogador de futebol.
Não, jogador de futebol não é burro. Muito pelo contrário. Muitas vezes é a pergunta feita que dá essa impressão, ou então a necessidade de o atleta não se expor exatamente pela patrulha que a imprensa faz no dia-a-dia da sua cobertura.
No final das contas, bem que a estátua poderia ser seguida por muitos que estão por aí e vêem, na patrulha alheia, o melhor jeito de se fazer jornalismo…
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