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No ano passado, eu fiz um estudo bem simples que projetava o balanço anunciado do clube de futebol com o maior faturamento no país no ranking das maiores empresas brasileiras produzido pela revista Exame. Na época, o São Paulo, com um faturamento de aproximadamente R$ 158 milhões, ficava na 1195ª posição, empatado com uma usina hidrelétrica mato-grossense que possuía seis funcionários. A idéia era mostrar que apesar de ser extremamente badalado, o negócio do futebol em si não é muito grande e está longe de gerar tanta receita quanto a maioria das pessoas tende a imaginar.

Um ano depois, o São Paulo não é o clube que mais fatura no país. Com a volta à Série A, Ronaldo e patrocínios, o Corinthians ultrapassou o seu rival e se tornou o clube que mais faturou em 2009, com R$ 181 milhões. O São Paulo caiu pra terceiro, com R$ 174,8 milhões, um acréscimo de 10% em relação ao ano anterior, e o Inter ficou em segundo, com R$ 176,2 milhões.

Apesar da evolução financeira, o São Paulo caiu de posição na projeção do ranking da Exame. Se em 2008 o clube foi a 1195ª organização que mais faturou no país, em 2009 ele foi ultrapassado por oito empresas e caiu para a 1203ª posição, ficando entre a Camaquã Alimentos, empresa gaúcha de 179 funcionários localizada a 130km ao sul de Porto Alegre e especializada em arroz parboilizado, e a Pioneiros Bioenergia, usina de derivados da cana-de-açúcar localizada no interior paulista.

O Internacional, que ficaria na 1201ª posição, faturou um pouco a menos que Rivelli Alimentos, empresa de Barbacena, Minas Gerais, que é especializada em frango e patrocinadora do América-MG, e um pouco a mais que a Sandvik Mgs, mineradora sueca com base em Guarulhos que, possivelmente por conta do desquecimento da economia mundial, teve uma redução de mais de 50% do faturamento em relação a 2008.

Curiosamente, apesar de o Corinthians ter faturado em 2009 R$ 23 milhões a mais que o São Paulo faturou em 2008, o clube ficou exatamente na mesma posição do ranking da Exame que o campeão de faturamento do ano passado, a 1195ª posição. Isso deixou o clube paulista entre a Alcoazul, mais uma usina de álcool, açúcar e biodiesel, que fica em Araçatuba, e o Hiper Moreira, de Goiânia, que, com uma única loja de 11 mil metros quadrados de área de venda divididos em dois andares, é, aparentemente, o maior hipermercado regional do Centro-Oeste do Brasil.

O fato de o clube que mais faturou do Brasil ter mantido a mesma exata posição projetada no ranking da revista em dois anos seguidos mostra que, se não houve grandes avanços comerciais no futebol brasileiro, pelo menos os clubes estão acompanhando o crescimento do mercado nacional. Ao mesmo tempo que isso é bastante positivo, o fato também consolida a ideia de que o mercado do futebol no país (e fora dele) é pequeno e gera muito mais exposição do que dinheiro.

Ademais, mostra que a preocupação da indústria do futebol brasileiro como um todo não deve ser pautada pelas possibilidades de ganhos financeiros, mas sim no controle crescente e desenfreado dos seus gastos, principalmente com salários e valores de transferência. Existe um nítido teto de receita que pode ser atingido pelos clubes de futebol do Brasil. O buraco dos custos e das dívidas, porém, parece ser cada vez mais profundo.

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Depois de uns quatro anos escrevendo neste espaço quase que ininterruptamente, vou pegar umas pequenas férias de três semanas. No interim, você pode acompanhar alguns devaneios de 140 caracteres pelo Twitter em @oliverseitz. Nos vemos em breve. Até.

Para interagir com o autor: oliver@universidadedofutebol.com.br

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