FC Barcelona: avassalador

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A equipe do Barcelona não muda. Invariavelmente apresenta, e quase que impõe, seu jeito de jogar.

Tem um modelo de jogo muito bem definido – e mais do que isso, tem uma cultura de jogo bem definida.

Gosta de ficar com a bola, e quando está com ela, de passes curtos e rápidos, de muita amplitude e profundidade de jogo (faz o campo “crescer”). Envolve os adversários com certa facilidade e quando perde sua posse, com uma ocupação do espaço bem definida, ataca a bola com invejável pressing.

Com uma cultura de jogo bem estabelecida, encontra os jogadores certos para aquilo que precisa, desde as categorias de base, e na construção do seu jogo, treina exatamente como quer jogar.

Nos últimos anos tenho acompanhado boa parte dos jogos da equipe do Barcelona. Já o vi ter dificuldades com algumas equipes (poucas). Cada uma delas com algumas estratégias de jogo em comum, mas todas elas com modelos de jogo pouco estabelecidos.

Grande parte dos times que acompanhei, enfrentado o Barcelona, o fez marcando nas proximidades da linha “3”, com 10 ou 11 jogadores atrás da linha da bola, com tentativas de rápidas transições ofensivas com jogo não apoiado.

A maioria destes times ofereceu certa dificuldade defensiva inicial e quase nenhuma ofensiva (por viverem a base de lançamentos e chutões para jogadores, que pouca facilidade tinham no 1 vs 1).

As poucas equipes que levaram alguma vantagem neste tipo de jogo foram aquelas que tinham dois ou três jogadores muito rápidos e com mais chances de romper confrontos 1 vs 1.

Vi pouquíssimos adversários proporem confrontos ao Barcelona, pressionando alto.

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Alguns desses também trouxeram alguma dificuldade defensiva inicial, e certas vezes, por conseguirem recuperar a bola em setores próximos ao “alvo” de ataque, também levaram algum perigo ofensivo.

O principal, porém, é que foram raras as vezes que algum adversário conseguiu fazer o Barcelona ter que mudar alguma coisa em sua forma de jogar.

Senão vejamos:
 

  1. O FC Barcelona ao se defender: busca recuperar rápido a posse da bola, pressionando o adversário normalmente entre as linhas “2” e “1”.
     
  2. O FC Barcelona ao atacar: busca manutenção da posse da bola com progressão apoiada ao campo de ataque, com alternância de corredores do campo de jogo.
     
  3. O FC Barcelona ao fazer a transição defensiva: busca o ataque a bola (jogadores próximos a região em que ela foi perdida), enquanto uma estrutura de 3 ou 4 jogadores recompõem a linha de defesa.
     
  4. O FC Barcelona ao fazer a transição ofensiva: busca retirar a bola da zona de pressão .

No nível estratégico, quando uma equipe enfrenta o Barcelona, marcando atrás da linha “3”, estará reforçando aquilo que gosta de fazer o time espanhol – ficar com a bola. Isso pode, ou não, ser um problema, porque vai depender do quanto eficiente, essa proposta poderá se mostrar.

Devo lembrar aqui que normalmente o FC Barcelona está mais acostumado a romper com esse tipo de estratégia defensiva, do que o adversário em cumpri-la contra uma equipe de altíssima qualidade e muito “adaptada” a este tipo de jogo.

Defensivamente, como chamei a atenção anteriormente, a equipe espanhola procura retomar rapidamente a posse da bola, pressionando alto. Então, no nível estratégico, o que ela não está acostumada é recuperar a bola já no seu campo de defesa (linhas “4” e “5”).

Isto pressupõe então que talvez possa ser vantajoso ao adversário não tentar um jogo apoiado de manutenção da posse da bola, mas sim, um de progressão constante ao campo de ataque, de maneira que ainda que se perca a bola, isso ocorra bem longe da meta de defesa.

Então, da mesma maneira, devo acrescentar que, para fazer o jogo de progressão ser satisfatório, é necessário também que a pressão sobre a bola, ao perdê-la, seja imediata e em linhas avançadas, para que ao invés de permitir ao Barcelona reforçar seu comportamento habitual de ficar com a bola, fosse ele induzido a ter que progredir mais rapidamente do que está acostumado e sem seu característico jogo apoiado.

Nas últimas derrotas que assisti do FC Barcelona, não coincidentemente, os adversários apresentaram em suas estratégias algo bem próximo do que apontei acima.

Obviamente que se não houver os jogadores certos para isso, e os treinos certos para construir tal comportamento ou estratégia, qualquer que sejam eles (estratégia ou comportamento), não estarão prontos para interferir no modelo de jogo do time catalão.

E aí, no jogo contra o Real Madrid…

Bom, o jogo contra o Real merece um texto só para falar dele.

Por ora, o que poso dizer é que foi a prevalência maciça de um modelo e de uma cultura de jogo (do Barcelona) sobre a estratégia de uma equipe (o Real Madrid), que não deu certo. E por quê?

Por enquanto a resposta é com vocês…
 

 

Para interagir com o autor: rodrigo@universidadedofutebol.com.br  

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