Tragam-me a cabeça de Ronaldinho Gaúcho

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Ronaldinho Gaúcho já não é mais o mesmo jogador que brilhou no Barcelona e foi escolhido o melhor do mundo pela Fifa.

Em sua passagem pelo Milan, chegou como protagonista e saiu como coadjuvante.

Seu futebol já não faz mais nutrir paixão e amor – no Barça, até devoção – que as torcidas europeias valorizam e que a indústria do futebol por lá sabe que é motor de títulos e de receita nos cofres.

Filmes no mundo do futebol, com Ronaldinho, têm sido muito caros de se rodar e, há um certo tempo, não são garantia de bilheteria. Entretanto, a indústria de futebol no Brasil se encontra na que está sendo chamada Década de Ouro do esporte no país.

Os eventos esportivos de vulto já movimentam a máquina de patrocínios e investimentos que abastecem o cofre dos clubes, que precisam rodar seus filmes em boas salas de cinema (novos ou reformados estádios), com bons diretores (treinadores muito bem pagos, até demais), atores de primeiro escalão (jogadores), roteiros muito bem escritos (competições organizadas, disputadas e valorizadas pelo prestígio e pela premiação), para também aumentar o número e frequência dos espectadores (os torcedores que, cada vez mais, se pretende que sejam sócios do clube).

Eis que Flamengo, Palmeiras, Grêmio e Corinthians entraram na disputa por Ronaldinho, considerando que o jogador seria um vetor importante neste círculo virtuoso.

Muito dinheiro está envolvido na negociação que, quando escrevo, ainda não se deu por encerrada junto ao Milan, ao jogador e seu irmão-procurador, Assis, e o clube que lhe deseja em 2011 no Brasil.

Paixão e dinheiro são grandes combustíveis no futebol em todo o mundo, mas podem se tornar combinação explosiva se excluída por completo a reserva de racionalidade que existe nas melhores decisões.

Sam Peckinpah, cineasta americano conhecido como Poeta da Violência, rodou Tragam-me a cabeça de Alfredo Garcia, contando com paixão, dinheiro e violência no enredo.

Alfredo Garcia é o homem que engravidou a filha de um poderoso e brutal latifundiário mexicano. O coronel promete uma recompensa de 1 milhão de dólares a quem lhe trouxer sua cabeça.

Na busca, dois capangas convocam um pianista e garçom de bar, Bennie, que conhece e detesta Garcia, por disputar com ele o amor de uma prostituta, Elita. Ela lhe diz que Garcia já está morto. Elita é então convencida a levá-lo até o cemitério e profanar o túmulo para retirar a cabeça.

Acontece que muita gente está nos calcanhares do casal para levar a cabeça de Alfredo Garcia ao poderoso e desfrutar da recompensa. Bennie sabe que é a melhor chance de que sua vida mude de rumo para melhor, com dinheiro no bolso e a mulher que deseja a seu lado.

Ronaldinho Gaúcho e seu irmão talvez achem o mesmo – que pode ser a última chance na carreira de que firme um belo contrato e tenha vida confortável aqui no Brasil, jogando por um clube local.

Procura-se a cabeça de Ronaldinho Gaúcho.

Por muito, muito mais de 1 milhão de dólares.

Para interagir com o autor: barp@universidadedofutebol.com.br

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