Os negócios vão bem, obrigado. E o esporte?

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Estamos vivenciando um momento em que o esporte, a cada dia, noticia novos empreendimentos em virtude do super aquecimento do mercado, impulsionado sobretudo pelos famigerados mega eventos que ocorrerão no Brasil nos próximos anos.

Eike Batista, com investimentos em agências de marketing esportivo, apareceu em alguns veículos de mídia na primeira quinzena de janeiro. Outras grandes corporações e agências de publicidade também seguem criando tentáculos para atender a demanda que surge para o esporte e para as organizações que possuem alguma ingerência sobre o setor. Esses são alguns dos sintomas que atestam um olhar mais cobiçoso para a indústria do esporte.

Todas (ou a sua grande maioria) as ações são marcadas exclusivamente pelo faturamento e pela expectativa de maiores e melhores dividendos, de acordo com o discurso e aquilo que foi noticiado. E o que isso tem de ruim? Em princípio, nada – desde que haja uma preocupação com o desenvolvimento do esporte correndo paralelamente a esses novos negócios e empreendimentos.

Para elucidar essa linha de raciocínio, vamos relembrar aquilo que Castejón Paz, em 1973, observou sobre os “fatores de desenvolvimento do esporte” a serem levados em conta no processo decisório nas organizações do esporte: (1) atividades; (2) instalações; (3) apetrechamento; (4) financiamento; (5) marketing; (6) formação; (7) recursos humanos; (8) orgânica; (9) documentação; (10) informação; (11) legislação e (12) gestão.

Não entrarei em detalhes para falar de cada item mas, em um contexto geral, preocupa-me o que sobrará para o esporte brasileiro à longo prazo em face do seu pleno desenvolvimento como setor de atividade econômica e social. Já falamos aqui sobre a formação de novos dirigentes. Também já abordamos a questão das instalações esportivas em outro momento. Todos com real impacto sobre o desenvolvimento, desde que bem pensados e projetados.

Para finalizar, registro o desejo que os novos agentes que atuarão com o esporte nesses anos vindouros possam se preocupar com o seu desenvolvimento. Que tirem proveitos e dividendos, porque isso não é proibido (apesar de alguns “puritanos” de nossa área serem totalmente contra a aferição de lucros com o esporte). Mas que deixem legados importantes, contribuindo significativamente para o profissionalismo do setor e sobretudo para o alcance de uma expansão sustentável da indústria do esporte no futuro.

Referências

PAZ, B. Castejon. (1973). A racionalização das escolhas em matéria de política desportiva – os instrumentos conceptuais. Col. Antologia Desportiva, n. 6, Lisboa, MEIC/SEJD/DGD/CDI, (1977).

Para interagir com o autor: geraldo@universidadedofutebol.com.br

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