Craques desde sempre

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Craques desde sempre: é assim que são tratados os “talentos” do nosso futebol quando começam a dar seus primeiros chutes nas categorias de base. E as consequências tendem a ser problemáticas quando os mesmos chegam à idade adulta e ao futebol profissional.

Este primeiro parágrafo é um resumo e a referência para o desenvolvimento desta coluna, inspirada sobretudo em casos recentes (e corriqueiros, diga-se de passagem), do futebol brasileiro.

Na minha opinião, o descompromisso com contratos, com a postura profissional que um atleta deve ter e a indisciplina dentro de campo por boa parte de nossos grandes jogadores são reflexo da má educação dada pela grande maioria dos clubes ainda nas categorias de base.

Já vivenciei, em categorias infantis, juvenis e/ou nos juniores, alguns atletas já serem tratados como estrelas, chegando em carro especial ao invés do ônibus com o grupo ou mesmo não se dando o respeito ao seu treinador e aos companheiros de equipe, para ficar em dois exemplos simples. É o antiprofissionalismo começando desde cedo.

E pautado em pequenas atitudes de paternalismo, pergunta-se: ora, se estas “pseudo-celebridades” fazem e acontecem quando adolescentes, o que os faria mudar na idade adulta?

Portanto, caros leitores, não adianta ficar chateado quando o craque do seu time falta ao treinamento por ter passado a noite anterior em uma balada “daquelas”. Basta aceitar, porque ele foi educado desta maneira, para fazer este tipo de coisa, sendo que ele passa a acreditar que está certo fazer o que faz.

Dificilmente os jogadores de futebol no Brasil são preparados para serem atletas de fato, daí a incompreensão sobre o que é certo ou errado fazer em determinados momentos.

Também não sejamos puritanos ou demagogos. Estamos falando de jovens, alguns deles com dinheiro e badalação, que necessitam, por vezes, extravasar um pouco diante da pressão por resultados ou pela necessidade, como jovens que são, de se divertir um pouco. Mas, com inteligência, é possível fazer tudo, sem prejudicar seu desempenho físico dentro de campo ou manchar sua imagem perante mídia, torcedores, patrocinadores, treinadores e colegas de equipe.

Mesmo assim, e sem citar nomes, acredito que existem clubes no Brasil cujos atletas oriundos das categorias de base parecem sair com um selo de “bom comportamento” ou respeito a contratos e instituições. Outros atletas, de outros clubes, parecem sair com um selo ao contrário, de “maus elementos” ou péssimos profissionais, o que nos leva a crer que as pessoas (ou a cultura do clube) que os formam não têm lá um grande comprometimento com a cidadania pautada no bom exemplo.

Internacionalmente, nosso maior exemplo seria o Barcelona: conhecemos muito pouco da vida extracampo dos jogadores formados nas “Canteras del Barça” (talvez o Piqué, hoje, fuja um pouco à regra por conta do seu namoro com a pop star Shakira. Mesmo assim, nenhum registro de grandes confusões, simplesmente um namoro um uma pop star. Como aqui não é coluna de fofoca, paramos por aqui…). Ao que parece, lá, os atletas são formados para serem simplesmente jogadores de futebol.

E é simplesmente isso: a indisciplina de boa parte dos bons jogadores no Brasil, seja ela tática (dentro de campo) ou fora das quatro linhas durante os 90 minutos, é fruto do desserviço que alguns clubes insistem em praticar na formação dos atletas.

O desrespeito a regras e a uma vida regrada tem clara relação com a negligência dada à educação destes jovens quando ainda se é possível educar. Quando adultos, resta aceitar e tentar tolerar…

Para interagir com o autor: geraldo@universidadedofutebol.com.br
 

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