Responsabilidade

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O fim do ano é um período em que as pessoas costumam olhar para trás. A maioria dos clichês dessa época advém de análises e avaliações sobre o que aconteceu na temporada. Também por isso, é uma fase em que todo mundo fica mais emotivo. O próprio ritual de distribuir presentes no Natal é um exemplo do que eu estou falando.

Dar presentes é uma forma de demonstrar preocupação com os outros. Não existe época em que a solidariedade é mais valorizada do que o fim do ano.

Isso também acontece no esporte. Afinal, o fim do ano é o período dos jogos beneficentes, das campanhas de arrecadação e das ações sociais. Ah, se todo mundo tivesse em outros meses o ímpeto caridoso que aparece em dezembro!

Não sei se foi o espírito do Natal que levou o São Paulo a anunciar justamente agora um contrato com o zagueiro Breno. Revelado pelo clube, o defensor de 23 anos foi negociado com o Bayern de Munique em 2008. Contudo, nunca conseguiu se firmar no futebol alemão.

Breno disputou 21 partidas pelo Bayern de Munique, chegou a atuar deslocado para a lateral direita e conviveu com problemas físicos. Sem espaço em uma das principais equipes da Alemanha, o brasileiro foi emprestado ao Nuremberg em 2010.

A situação do brasileiro ficou ainda mais complicada em 2011. No dia 20 de setembro, a casa dele pegou fogo. Breno ficou levemente ferido, e depois foi indiciado por suspeita de ter causado o incêndio.

Em julho de 2012, o zagueiro foi condenado a três anos e nove meses de prisão por ter causado o incêndio. Parecia o fim da carreira de um atleta extremamente promissor e talentoso.

O São Paulo registrou o contrato de Breno no dia 20 de dezembro deste ano. Entretanto, isso ainda não representa um recomeço para o defensor, que sequer conseguiu deixar a prisão.

Contratar Breno é uma forma de prestar auxílio a um jovem que o São Paulo ajudou a formar. Um garoto que passou grande parte da vida em instalações do clube paulista e que foi negociado sem que estivesse totalmente pronto.

Antes de ser um acréscimo técnico ao elenco do São Paulo, a contratação de Breno é uma ação de responsabilidade. Se o defensor teve problemas emocionais e sofreu pelo comportamento fora de campo, o time que o formou tem grande participação nisso.

E por que estamos discutindo toda essa ação de responsabilidade social em um espaço dedicado a falar de comunicação? Porque o São Paulo criou para si um grande desafio no caso Breno. E um desafio que tem relação direta com o modelo de comunicação usado pelo clube.

Se Breno for tratado como um reforço, pode gerar expectativa e estará sujeito a frustrações. Esse pode não ser o melhor caminho para uma pessoa em recuperação de um grande trauma.

Breno precisa de carinho, e o clube também é responsável por isso. Ele deve ser tratado como um garoto de desempenho esportivo precoce, mas sem alicerces nas outras áreas humanas. Não deve ser visto como um herói, mas tampouco conviver com a pecha de criminoso.

Portanto, o São Paulo precisa saber comunicar o que está fazendo com Breno. Até para o próprio jogador. Dar ao caso o tratamento ideal é a única forma de não aumentar a dimensão das coisas, para o bem ou para o mal.


A comunicação em eventos esportivos

A Uefa percebeu há anos o real valor de sorteios de campeonatos. Antes de cerimônias para adulação ou festividades, esses eventos são oportunidades de aparição televisiva. São coisas feitas para a tela.

A ciência disso levou a Uefa a adotar um caminho. Os sorteios de competições europeias tornaram-se mais e mais profissionais, enxutos e claramente pensados para a TV.

Esse modelo facilitou a comercialização dos direitos de transmissão dos sorteios. As emissoras que exibem as competições europeias têm como bônus um evento atraente, bem montado e organizado.

O trabalho feito pela Uefa com os sorteios é muito semelhante ao que as ligas americanas desenvolvem, por exemplo, com as cerimônias de draft. O evento de escolha dos novos atletas também é minuciosamente pensado para o que as TVs querem exibir.

É por isso que chama tanta atenção o modelo adotado pela Conmebol. A entidade sul-americana realizou na última semana o sorteio dos grupos da Copa Libertadores de 2013. No evento, passou mais de uma hora fazendo homenagens sem sentido.

O sorteio foi arrastado, cheio de cenas descartáveis. Além disso, os dirigentes da Conmebol não são exatamente os melhores mestres de cerimônia. A comparação entre o evento sul-americano e o que a Uefa tinha realizado um dia antes mostra o abismo que existe no futebol dos dois continentes quanto a linguagem e comunicação.

Desejo a todos um Natal repleto de alegria, paz e união. Obrigado pela companhia!
 

Para interagir com o autor: guilherme.costa@universidadedofutebol.com.br

 

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