O peso das derrotas

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Caros leitores,

Trabalhar no futebol é conviver diariamente com a instabilidade profissional. Seja por questões políticas, administrativas ou técnicas, motivos (???) não faltam para que ocorram trocas constantes nas milhares de comissões técnicas espalhadas pelo país. Como sabemos, um motivo em particular potencializa tal instabilidade: as derrotas.

E é sobre elas que discorrerei esta semana.

Sentar, refletir e escrever quando os resultados são favoráveis é muito mais simples. As ideias surgem com fluidez, os argumentos não faltam e as vitórias (para muitos, somente elas) respaldam cada parágrafo que vai sendo produzido.

Se na última temporada a equipe em que trabalho foi derrotada somente por três vezes em vinte e oito jogos, no cenário atual, após quatro partidas, os três resultados negativos consecutivos (3×0; 3×4 e 3×2) já se equivalem aos reveses de 2012.

Tais resultados negativos causaram reações diversas em todos (imprensa, diretoria, atletas, comissão técnica, torcida). Da insegurança dos jogadores à revolta da imprensa que já questionou a permanência do treinador, o momento pede que a derrota seja bem gerida. Para uma boa gestão do fracasso temporário, analisar TODO o ambiente e tentar ser preciso nos procedimentos até o jogo seguinte é fundamental.

Durante a análise do ambiente, muitas reflexões vêm à mente sobre o que fazer diante das derrotas. Eis algumas delas:

Será momento de mudar a maneira que o trabalho é conduzido? Será momento de achar culpados e transferir as responsabilidades do resultado negativo? Será momento de rebater as críticas que temos recebido? O momento pede (tentativas de) substituições significativas no Modelo de Jogo? O momento pede mudanças de jogadores? O momento pede cobranças excessivas aos jogadores? O momento pede contratações?

Além destas, inúmeras outras perguntas certamente renderiam horas e horas de discussão. Como no futebol não há muito tempo para conversa, após um bom diálogo com o treinador, iniciamos os trabalhos da semana cientes de nossas funções na tentativa de revertermos o quadro atual.

É uma semana de pressão, que deve ser amenizada pela comissão para que os jogadores não transportem esta carga para o jogo de domingo. É uma semana de muito trabalho, nem mais, nem menos que nas semanas anteriores, “apenas” muito trabalho. Semana de um maior número de intervenções, de reforços positivos, de feedbacks.

Semana em que a crise não pode ser instalada, a cobrança deve incentivar a melhora e que a vontade de vencer potencializada no ambiente de treino não se confunda com desespero ou desorganização.

É também uma semana de ouvir os jogadores, escutar o que estão pensando, como estão se sentindo e como estão lidando com a adversidade. Ouvir sugestões de melhorias para o desenvolvimento do trabalho pode deixá-los confortáveis para desempenharem o seu melhor.

Você que trabalha com futebol profissional provavelmente já deve ter passado por situações, sentimentos e sensações semelhantes. Como você se comportou? Para você que almeja trabalhar, prepare-se, pois lidar com as derrotas, mais cedo ou mais tarde, será inevitável.

A partir do dia 17/02 todos saberão se os primeiros passos para a reabilitação foram dados. Se sim, estejam certos de que um grande peso (o das derrotas) terá saído das costas de todos. Se não, vamos erguer a cabeça e continuar buscando soluções cientes de que fizemos o melhor que poderíamos.

Encerro afirmando que o que escrevi referente à maneira de enfrentar/interpretar as derrotas advém de opiniões formadas por experiências profissionais e pessoais diversas. Leituras, relacionamentos, acertos, erros, práticas, vivências, estudos, formam a totalidade que é a minha existência, expressa, neste caso, na minha atuação profissional.

Que as minhas opiniões não sejam consideradas uma verdade absoluta e que as derrotas nos sirvam, no mínimo, de aprendizado.

Até a próxima semana!
 

Para interagir com o autor: eduardo@universidadedofutebol.com.br
 

 

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