O mérito do treinador Josep Guardiola: o FC Barcelona vs o estrategista do tempo

Entre para nossa lista e receba conteúdos exclusivos e com prioridade
Entre para nossa lista e receba conteúdos exclusivos e com prioridade

Em abril de 2012 o então treinador do FC Barcelona, Josep Guardiola, anunciava sua saída do comando técnico da equipe catalã. Os motivos exatos, nunca ficaram precisamente claros.

O fato é que independentemente da realidade concreta ou das especulações, muitos foram os seus títulos e muitos foram seus recordes frente ao clube.

E mesmo com as inúmeras conquistas, e com o futebol vistoso e vencedor de sua equipe, esteve muitas vezes em segundo plano – na análise de especialistas (ou “especialistas”) – sua competência como treinador; afinal, como diziam: “com tais jogadores qualquer um poderia ser ou parecer ser bom treinador”.

Sempre discreto, Guardiola nunca se incomodou com o fato. Pelo contrário. Em mais de uma dezena de vezes disse que o mérito por suas conquistas era totalmente dos seus excelentes comandados.

Claro, indiscutível a qualidade dos futebolistas do FC Barcelona.

Claro, também, que dentro de um clube com aclamada filosofia de trabalho e de jogo, é de se aparentar (aos olhos mais desatentos) que as dificuldades devessem ser menores para fazer as coisas acontecerem.

E quando elas não acontecessem (vitórias, títulos, recordes, etc.) é claro que o primeiro e principal foco responsável passaria a ser o treinador.

Ora, se a equipe vai muitíssimo bem, lá vem o famoso “qualquer um faria”; se vai mal, responsabilidade toda do treinador (e não estou eu dizendo que não seja!).

O fato é que Guardiola saiu do FC Barcelona, e como escrevi recentemente em outro artigo, existem diferenças importantes entre o Barcelona de Guardiola e o do pós Guardiola.

E como complexamente falando é melhor analisarmos os resultados dos jogos, do que qualquer outra variável (porque os resultados são os melhores argumentos), o que podemos dizer da atual equipe catalã, é que ela tem tido maiores dificuldades para vencer seus jogos e fazer sobressair sua filosofia.

O FC Barcelona que perdeu para o Milan e que perdeu para o Real Madrid nem de longe se pareceu com o FC Barcelona que encantava com Guardiola.

E por mais que o que mais pese nesses jogos sejam as derrotas, pesa muito também como elas aconteceram.

Alguns podem dizer que no Campeonato Espanhol tudo vai bem.

Honestamente, não concordo. Assisto a todos os jogos que são transmitidos dessa competição e, para mim, está evidente que hoje o desgaste complexo que o FC Barcelona tem para ganhar seus jogos é muito maior do que antes.

Para mim, está claro que a mudança de comando da equipe tem feito muita diferença (mesmo quando Tito Vilanova era treinador, ao longo do tempo emergiram indícios de que as coisas não estavam bem).

Pep Guardiola tinha, sim, muitos méritos! Parece cada vez mais evidente que minimizar seu papel nas conquistas do time catalão é uma grande irresponsabilidade.

O FC Barcelona não parece mais ser o mesmo – e nem poderia ser, pois Guardiola (melhor ou pior) não dirige mais a equipe, e o tempo passou (e nem foi muito rápido).

Contra o Milan (no 2º jogo da Champions League) e a favor da filosofia do FC Barcelona, talvez ainda as coisas não estejam perdidas (claro que não!) – não se joga fora, mais de uma década de uma filosofia, de uma hora para a outra em função da mudança de comando técnico.

Contra o Real Madrid, porém, a certeza de que a distância que antes separava as duas equipes hoje é muito menor (mas chamo a atenção: apesar da vitória do time de Mourinho no último confronto, estou certo de que ainda a vantagem [mínima e prestes a se perder se o rumo das coisas não mudar] é da equipe de Barcelona).

E os maiores problemas do FC Barcelona não são nem o Milan e nem mesmo o Real Madrid.

Contra o FC Barcelona, o maior dos problemas é o tempo. Sim, o tempo, porque o tempo que inevitavelmente passa, evidencia a “desaprendizagem”, a mudança de comportamento de jogo e a perda de padrões.

Se “somos aquilo que fazemos repetidamente”, e a “excelência, então, não é um modo de agir, mas um hábito” – (Aristóteles) –, me parece claro que os hábitos (de jogo) dos jogadores do FC Barcelona, mudaram.

O treinador é, sim, um semeador de hábitos, comportamentos e padrões (todos de jogo) que devem reforçar coletivamente um TODO muito forte e maior que a soma simples das partes que o integram.

Josep Guardiola saiu, e é fato, o FC Barcelona perdeu com isso!

E aqui mais uma vez destaco, não sabemos realmente porque ele saiu.

Há quem diga que isso foi plano de alguém que vê o TODO, para mais do que o jogo de dentro das quatro linhas do campo. Alguém que pensava (ou tinha certeza) que a desestruturação da equipe do FC Barcelona passava por um plano muito mais elaborado do que aquele para vencer uma partida no fim de semana.

Há quem diga, que há algo de “Mourinhoavélico” no ar… e que o tempo; só ele mesmo o tempo, é quem dirá…

Para interagir com o autor: rodrigo@universidadedofutebol.com.br
 

 

Compartilhe

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on email
Share on pinterest

Deixe o seu comentário

Deixe uma resposta

Mais conteúdo valioso