A Copa e a rebeldia (com ou sem) causa – parte 01/03

Entre para nossa lista e receba conteúdos exclusivos e com prioridade
Entre para nossa lista e receba conteúdos exclusivos e com prioridade

A avalanche de protestos que assistimos no ano passado e estão previstas para ocorrer em um momento pré-Copa 2014 é um importante indicador da insatisfação das pessoas contra o evento e, ao mesmo tempo, uma total falta de senso sobre inúmeros aspectos que norteiam um dos maiores eventos do mundo. Sobre uma série de demagogias e hipocrisias em torno da Copa é que pretendo discorrer meus próximos três textos aqui neste espaço…

Comecemos por esclarecer meu ponto de vista:

– Se acho que está tudo certo? Não! Na realidade vejo tudo como a perda de algumas oportunidades em desenvolver o futebol brasileiro e o país. A Copa em território nacional, se bem aproveitada, pode contribuir e catalisar a transformação do mercado como um todo. Depois, que estamos falando de algo que a população brasileira gosta (e muito – aproximadamente 2/3 dos brasileiros admiram ou consomem a modalidade, segundo inúmeras pesquisas), o que justifica qualquer investimento público nesta área (enfim, aqui cabe uma pausa para não entrar efetivamente no mérito de “políticas públicas”, pois o debate é amplo e complexo, não sendo objeto específico desta coluna, neste momento).

– Se acho que está tudo errado? Não! O que falta, na maioria dos casos, é informação e cobrança maior de quem administra os recursos públicos – que, aliás, não se restringe à Copa.

Para este princípio de discurso, vou me amparar na análise dos “Rebeldes sem Causa”. Vez por outra, pelo excesso de reclamação, caímos na velha mania do brasileiro de reclamar de tudo (com o perdão da redundância…). Aliás, as redes sociais estão virando, ultimamente, um enorme muro de lamentações: se chove, está ruim porque chove; se faz sol, não dá pra sair de casa por que está muito calor; se faz frio, vamos todos ficar resfriados. O estereótipo desta cultura está aí retratado. Ao invés de “fazer do limão uma limonada”, preferimos ficar sentados (ou ir às ruas) reclamar. Simplesmente reclamar, sem uma ação efetiva e objetiva (ou um foco nas reivindicações) ou uma proposição coerente de soluções.

Lembro, usando outra analogia, de muitos ex-alunos meus de cursos de Educação Física ficar uma aula inteira reclamando da ineficiência do “Conselho Regional de Educação Física” (CREF) porque muita gente que eles conheciam trabalhava na área sem portar o registro do Conselho. No final do debate, fazia a simples pergunta: “OK, faça de conta que concordo com vocês… Quer dizer então que vocês já fizeram denúncias destes ‘pseudo-profissionais’ ao CREF? Ela foi atendida?”. Não, nunca ninguém tinha se mexido efetivamente (e nem se mexeu) – é mais fácil falar por falar, de preferência na mesa do bar e deixar tudo como está.

Reformulando a pergunta, vamos ao nosso tema: “Alguém já usou o canal específico do ‘Portal da Transparência da Copa 2014’ para fazer denúncias de desvios? Houve algum resultado?”:

Só para ficarmos em um exemplo de uma forma coerente, legal e que faz parte da cidadania. Outro caminho para reivindicações é procurar o Ministério Público para que este ofereça denúncias – sei que, entretanto, isso é bastante complicado, pois exigiria uma pesquisa minuciosa sobre obras, custos e identificação de desvios.

É muito mais fácil, obviamente, postar alguma coisa qualquer em uma Rede Social insinuando qualquer coisa que não se sabe para depois fazer megaencontros para protestar tudo aquilo que ninguém sabe do que estão falando…

Para fechar esta, cabe esclarecer que eu adoraria que, em havendo tantos desvios quanto se propala em torno da Copa, que tivesse uma infinidade de políticos (ou mesmo empresas privadas) sendo processados e julgados. Só assim conseguiríamos contribuir para a tão sonhada transformação do país.

(continua…)

Compartilhe

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on email
Share on pinterest

Deixe o seu comentário

Deixe uma resposta

Mais conteúdo valioso