Qual a importância da posse?

Entre para nossa lista e receba conteúdos exclusivos e com prioridade
Entre para nossa lista e receba conteúdos exclusivos e com prioridade

Penso que temos que tomar cuidado ao indicar ou dar importância a determinado fator do jogo de futebol. Como tentei relatar, a posse de bola é um componente inerente ao jogo de futebol. Em todos os jogos existirão momento de posse, defesa, transição, bola parada, etc (enfatizei esse assunto na coluna anterior). O que faremos em cada um destes momentos é de escolha: própria, coletiva, imposta “empiricamente” pela cultura do clube e uma particularidade de cada partida.

Qual a importância da posse? Toda. Para o jogo, toda. Para a equipe, toda (porém, vista de diversos modos). A posse é um problema que teremos que resolver durante o jogo. Com a máxima importância, tanto quanto os demais momentos. Todavia, podemos tratar esse problema da posse como algo simples; simplesmente pelo fato de se preocupar mais com outros aspectos do jogo, como defesa, transição, bola parada, etc.

Talvez, pelo fato de se estar com a bola e sabendo que o futebol é um jogo de imposição, costuma-se dar a culpa ao individualismo do jogador quando não se consegue ultrapassar a defesa do adversário. A famosa “jogada individual”. Falta “jogada individual” para “quebrar” a defesa! Falam por ai (diversos “comentaristas”). Evidente que a criatividade individual, em prol do bem comum, vai trazer algo de produtivo. Contudo, ela por si só não resolve nada. Nunca vi com bons olhos o fato de tentarmos resolver um problema coletivo com uma solução individual.

Falamos tanto da criatividade individual, mas e a criatividade coletiva? Em alguns casos, as equipes têm aprimorado cada vez mais o momento defensivo. Os treinadores, cada vez mais, têm percebido a importância da marcação zonal. Eles têm tentado treinar e organizar melhor esta forma de defender (que possui por essência a gestão do espaço de forma inteligente). Corroborando com isso, temos o velho e bom princípio, que talvez sirva quase sempre para todos, de voltar o mais rápido possível para “reorganizar-se” defensivamente. E é neste ponto que precisamos nos desligar da ideia de que quem tem a bola, é quem controla o jogo. O espaço a ser ocupado se torna o artifício primordial para controlar (ou tentar) o jogo. Se a equipe não consegue gerir o espaço com a bola, então, talvez, seja melhor ficar o menor tempo com ela. E esse conseguir pode ser: preferir, não saber, não gostar, etc. Como também, pode ser algo cultural, como já falamos (algo que emerge da filosofia da instituição). O espaço a ser ocupado é o mais importante para “controlar” o jogo, até o momento de saber jogar o jogo. Aquele jogo.

Pois, cada jogo tem sua própria característica peculiar, ao ponto de dizermos que não há 2 jogos iguais. Essencialmente o próprio jogo, com sua devida particularidade, vai ditar o ritmo da partida. O jogo de futebol  é um jogo de imposição. Aproveitar as fragilidades do adversário e tentar superar, da melhor forma, as vantagens do mesmo. Sendo que o adversário vai tentar fazer o mesmo com a sua equipe. Caso não consigamos resolver os problemas do jogo e da partida (com seu adversário “único”), não conseguiremos colocar o que temos de melhor individualmente e coletivamente.

Precisamos antes de tudo analisar o contexto e (tentar) perceber tudo aquilo que envolve cada jogo e cada equipe. Temos que ter cuidado para não ser reducionista como qualquer outro “pensador” analítico. Não devemos separar as coisas. Parece que a cada ano que passa, procuramos separar e analisar isoladamente cada variável que compõe o futebol. Quando chegarmos ao ponto de perceber que não devemos separar as coisas, nomeadamente, quando estamos avaliando e analisando os resultados, começaremos o longo caminho da compreensão do futebol.

O problema “posse” não passa somente por saber sua importância. Pois isso, já sabemos, a importância é toda. Começaremos a entender e a resolver esse problema quando soubermos qual a intencionalidade quando se tem posse? O que quero e o que vou fazer quando estou com ela? E em cada situação do jogo? Lembrando que todo o problema inerente ao jogo é um problema para cada atleta/equipe/treinador/clube e, também, da(s) partida(s).

Compartilhe

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on email
Share on pinterest

Deixe o seu comentário

Deixe uma resposta

Mais conteúdo valioso