Poupar? Falta intensidade? Mesmo com a pausa da Copa? O que tudo isso significa no futebol?

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A discussão atual do futebol brasileiro está em torno dos times que poupam seus jogadores titulares, priorizando determinada competição. Abre-se uma janela interessante para falarmos sobre o mal feito calendário esportivo do nosso país, onde realmente os clubes grandes jogam demais e os clubes pequenos jogam pouco. Porém, ao mesmo tempo que reacende uma discussão importante esse assunto nos cega em outros aspectos, aumentando a crença que há atualmente no inconsciente coletivo do futebol de que é impossível jogar em alto nível duas vezes por semana.
Historicamente o estudo e a literatura esportiva no Brasil foram feitos e produzidos pelos preparadores físicos. Profissionais que estudaram, estiveram nos bancos acadêmicos e agregaram demais na evolução do esporte. Mas o viés desse conhecimento é evidentemente físico, deixando de lado e até muitas vezes retirando as outras variáveis do jogo, que são técnicas, táticas e psicológicas/emocionais/cognitivas. Ao passo que nossos treinadores tradicionalmente sempre tiveram muito conhecimento do dia-a-dia da bola e pouco de questões físicas, médicas e fisiológicas passou-se a aceitar sem muito questionar que o ‘cansaço’ corporal do atleta é que determinaria as escalações.
Vale aqui também relembrar – e é algo que eu sempre critico no futebol brasileiro – a nossa má qualidade nos treinamentos. Aqui muitas vezes se treina com preguiça, de qualquer jeito, sem cobrança e sem uma metodologia definida. Com isso, sem a tão falada intensidade no treino não há como tê-la no jogo. Estamos assim tendo jogadores que não conseguem jogar em alto ritmo nem ao menos durante 90 minutos muito menos em 180 duas vezes por semana.
Que fique bem claro que não estou criticando os preparadores físicos, que muito ajudaram o futebol brasileiro Mas o próprio papel deles nas maiores e melhores comissões técnicas do mundo já mudou. Hoje a questão física tem o seu peso, mas integrada ao jogo, as ideias e aos comportamentos. Todo e qualquer trabalho no futebol moderno é feito com bola, trabalhando a parte física a partir dos conceitos que vão nortear o modelo de jogo pretendido.
O cansaço aqui não é só físico. É mental e cognitivo também. É uma falta de concentração e até entendimento para a execução das ideias. É a ausência de treinos mais bem elaborados. E mesmo com poucas atividades dá para criar comportamentos bem interessantes. Mas para muitos a falta de competência já tem desculpa pronta: os jogadores estão cansados.

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