Se o futebol é complexo, sistêmico e multifatorial, quem o pratica também é. Não podemos fazer qualquer tipo de análise contando apenas um único fator.
Se para opinarmos sobre uma equipe, um campeonato e um jogo temos que considerar os aspectos técnicos, táticos, físicos, emocionais, comportamentais, psicológicos e até espirituais para falar de qualquer jogador, também devemos partir desses mesmos pressupostos, que são bem amplos, diga-se de passagem. Coloco tudo isso para pontuar que em uma avaliação sistêmica eu jamais contrataria o volante Felipe Melo para o meu time.
Reconheço as virtudes técnicas e táticas dele. Felipe tem uma inteligência para ocupar o espaço acima da média do futebol brasileiro. É verdade que sua condição física não o ajuda, já que ele está em um declínio corporal. Porém, sua rapidez cognitiva compensa isso.
O problema de Felipe é o comportamento. Sua intrínseca vontade de fazer valer algo muito próximo da intimidação ao adversário se volta invariavelmente contra ele mesmo. Felipe é imprevisível. Viril além do ponto. Provocador ao extremo. E isso prejudica sua equipe. Ele pode ser expulso no começo, no meio ou no fim do jogo. Até mesmo pode brigar após o apito final da arbitragem. Pode mandar áudios ofensivos contra o técnico da própria equipe. Pode tentar dar ‘lição de moral’ em algum companheiro mais novo durante os treinos.
Hoje todo bom departamento de análise de desempenho checa comportamento e histórico para indicar qualquer contratação. É claro que não existe jogador perfeito. Até porque o próprio perfeito é subjetivo – o que é perfeito para mim pode não ser para você. Mas dentro do meu critério de análise, os defeitos de Felipe Melo se sobrepõem as suas virtudes. O ‘pacote’ não compensa.