O "futebol moderno” e o “futebol raiz"

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É muito comum observarmos as discussões sobre o futuro do futebol, sobre os caminhos que a modalidade mais popular deste país trilha, não apenas por aqui mas também no mundo todo. Sobre as diferenças entre como o jogo é disputado na Europa e como é por estas bandas. Por lá – referência na indústria deste esporte – o caminho tem sido através do futebol total, a formação multidisciplinar e a maximização do espetáculo. O profissionalismo, o estabelecimento de metas e cumprimento de resultados dentro e fora de campo. Em outras palavras, especialistas nomeiam este fenômeno como sendo o “futebol moderno”.
Por outro lado, lembra-se (este colunista, inclusive) do jogo como era antigamente: do amor à camisa, do campo com lama, das quedas de energia, da torcida em pé sob sol e sob chuva. Dos dirigentes que não “largavam o osso” e todos os fatores que constituem outro fenômeno cujos mesmos especialistas batizam-no de: “futebol raiz”.
Lamento dizer, o “futebol raiz” no universo da indústria do esporte de rendimento ficará na lembrança. No máximo pontualmente haverá alguma coisa em um clube ou outro. Nos últimos anos a indústria das telecomunicações e do entretenimento cresceram muito, assim como o mercado publicitário. Foi processo natural que o esporte e especificamente o futebol (de competição) -, manancial de ídolos e referências que estabelecem conexão afetiva com o ser humano -, fosse envolvido por esta indústria. Ora, o que querem entretenimento e publicidade? Justamente esta conexão afetiva.
Esta transformação tem sido a tônica e tudo tem se caminhado para isso. É processo natural, consequência de uma série de fatores que envolvem a nossa sociedade, práticas do mercado e políticas de Estado. Noutros tempos, por exemplo há algumas décadas, especialistas da bola explicavam e discutiam sobre as causas e consequências de futebolistas estarem sendo pagos para jogar. Naquele mesmo tempo, torcedores mais saudosistas diziam que o futebol do passado era o “de verdade”, ou seja, enquanto era amador. Era o “futebol raiz” contra o “futebol moderno” daqueles tempos. Assim era.
Qual então, portanto, será a discussão análoga ao moderno versus raiz, no futebol, daqui a 30 ou 35 anos?

Apresentação de Maradona como treinador do Gimnasia y Esgrima de La Plata/ARG. (Foto: Paula Avila, Reuters, Foto Baires)

 
Diante disso, é difícil haver meio termo entre o passado e o presente. No entanto, é preciso respeitar os dois principais elementos do esporte: o atleta e o torcedor. Ademais, há uma cultura apaixonada que deve ser preservada e respeitada construída através da identidade, conexão afetiva que o esporte consegue estabelecer de maneira única. É seguir em frente, sem perder a ternura.

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Em tempo mais uma citação que se relaciona com o tema da coluna:

“A única constante da vida é a mudança.”
ditado popular

 

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