A infeliz e recorrente presença de atitudes racistas no mundo do futebol

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Crédito da imagem: UEFA/Redes sociais/Divulgação

Embora a escravidão tenha sido abolida mundo afora há bastante tempo, em pleno século XXI, ainda presenciamos atitudes inaceitáveis de discriminação de pessoas pela cor de sua pele e, infelizmente, esse triste cenário se repete no futebol.

Inúmeros são os casos de atitudes racistas noticiadas no mundo do futebol, situação que, além de configurar crime em grande parte dos países, demonstram a injustificável, mas recorrente, intolerância voltada a pessoas negras, como se, por sua cor de pele, elas fossem de alguma forma inferiores.

Parece absurdo casos assim continuarem a ocorrer, mas, apesar de incompreensível, é sim um problema que precisa ser enfrentado.

No último dia 08 de dezembro de 2020, tivemos mais um exemplo de racismo no futebol, acreditando que a atitude dos jogadores servirá de marco de enfrentamento aos que persistirem eternando esse injustificado ódio.

Durante uma partida da Champions League entre o Paris Saint German, do brasileiro Neymar, e Istambul Basakserhir, após uma discussão, o quarto árbitro, Sebastian Coltescu, proferiu ofensas racistas contra um dos membros da comissão técnica do time turco.

Em ato de protesto pelo ocorrido, os jogadores das duas equipes se recusaram a continuar a partida, enquanto o quarto árbitro, acusado das ofensas, não fosse retirado de campo.

A suspensão se deu aos 13 minutos do primeiro tempo, a UEFA, organizadora do campeonato, chegou a noticiar que o jogo seria reiniciado às 18 horas (de Brasília). No entanto, os jogadores do Istambul se negaram a voltar a campo, fazendo com que o jogo fosse adiado para o dia 09 de dezembro de 2020.

A atitude dos jogadores demonstra que não serão toleradas, dentro de campo, condutas de cunho racista. A união foi a palavra da vez nesse episódio, todos os jogadores, independente da cor da pele, se uniram em prol da causa e deixaram bem claro a todos que assistiam o jogo que vestem a camisa do “não ao racismo”.

Que essa atitude seja bem repercutida por todo o mundo e sirva de lição, e até de reprimenda, aos racistas que insistem em manifestar seu ódio aos negros, para que não voltem a ter atitudes como estas, pois as mesmas não serão mais toleradas.

Além desse caso, ocorrido em 08/12/2020, o racismo no futebol é bastante recorrente e precisa ser firmemente combatido.

Diferentemente da legislação penal, o Código Brasileiro de Justiça Desportiva não faz distinção entre os tipos de injúria racial puníveis, tratando os atos discriminatórios em um único diploma legal, qual seja o artigo 243-G que assim dispõe:

“Praticar ato discriminatório, desdenhoso ou ultrajante, relacionado a preconceito em razão de origem étnica, raça, sexo, cor, idade, condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência.”

Embora exista a previsão de punição para atos dessa natureza, em muitos casos a impunidade é o que impera. No entanto, temos alguns exemplos em que os atletas ofendidos levaram o caso até as autoridades competentes e os responsáveis foram punidos. Exemplos:

Tinga, do Internacional, em jogo do campeonato brasileiro, em 22/10/2005, denunciou que toda vez que tocava na bola os torcedores adversários imitavam macacos. Analisando o caso, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), em decisão unânime, aplicou multa de R$ 200 mil e tirou o mando de campo de duas partidas.

Vanderlei, do Caxias, em jogo do campeonato gaúcho, em 24/03/2012, foi chamado pela torcida rival de macaco insistentemente. Em julgamento no Tribunal de Justiça da Federação Gaúcha de Futebol, o Novo Hamburgo foi condenado a pagar uma multa de R$ 10 mil pelas ofensas.

Aranha, goleiro do Santos, em jogo da Copa do Brasil, em 28/08/2014, foi chamado pela torcida do rival de macaco. O Grêmio foi julgado pelo STJD e foi excluído da Copa do Brasil; recorreu e foi penalizado com a perda de 3 pontos e multado em R$ 54 mil

Como se percebe, as situações racistas são recorrentes no futebol brasileiro e mundial. No entanto, o fato ocorrido em 08/12/2020 no jogo da Champions League, deixa claro que os próprios jogadores não irão mais aceitar essas ofensas.

O caminho ainda é longo, mas certamente esse dia 08 de dezembro ficará marcado na história como um divisor de águas na luta contra o racismo no mundo do futebol.

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