Crédito imagem – Daniela Porcelli/CBF
A explicação para a alta performance está nos detalhes. Poucos conseguem alcançar os picos de rendimento porque poucos estão dispostos a oferecer tudo o que é necessário. Admiro os campeões. Os que conseguem ganhar algo relevante. E admiro ainda mais quem se mantém no topo por muito tempo. O clichê se faz verdadeiro: chegar é ‘fácil’, o difícil é manter.
Trazendo para o futebol um jogador que alcança o nível profissional já é um vencedor por natureza. Seguramente, foram ultrapassadas barreiras específicas da própria modalidade.- ele teve que ser melhor do que a maioria para ir avançando nas categorias até chegar na equipe de cima. E em inúmeros casos, verdadeiras crianças vencem desafios que a maioria da população talvez não conseguisse superar. Quantos meninos com dez, onze, doze anos de idade saem de casa, deixando a família, para tentar a carreira de jogador em outra cidade, outro estado?
E transpassada essa peneira estreita e cruel que separa o amadorismo do profissionalismo vem outra bem parecida que diferencia o jogador ‘comum’ do extraordinário. E observando, estudando e analisando quem consegue ter um destaque acima da média percebi que a diferença que faz a diferença é o aspecto mental. São habilidades comportamentais que vêm precedidas por pensamentos e crenças fortalecedoras que apenas alguns poucos que tem.
Um atleta campeão treina mais e melhor do que os outros porque entende que apenas dessa maneira será superior ao que ele mesmo foi ontem. O cuidado com o corpo também é uma questão essencial porque os resultados dependem desse ‘equipamento’. Uma busca incessante por um entendimento maior sobre o jogo, suas nuances, detalhes e maneiras assertivas de ser eficaz com e sem a bola também é fundamental. Sem falar de um espírito coletivo porque ninguém faz sucesso sozinho. Poderia listar aqui outras dezenas de comportamentos, e todos eles teriam um viés muito mais psicológico do que técnico.
Quando estamos no nível profissional a diferença mora nos detalhes. Todos tem as habilidades, as valências físicas e o entendimento tático mínimo para jogar. Mas poucos vão além. Poucos se dedicam e se entregam de corpo e alma para ser hoje um por cento melhor do que foi ontem. Por isso que só temos um campeão, um melhor do mundo e etc. Porque essa condição é única. E ela não é obra do acaso. Pelo contrário, é previsível e deixa rastros. Não estou dizendo que é fácil. Mas justamente por dar muito trabalho poucos pagam o preço.