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A visão sistêmica é uma maneira de enxergar e abordar o mundo que compreende que os mais variados acontecimentos ocorrem não apenas por uma razão, mas por uma série de diferentes motivos e outros acontecimentos que ser interconectam de uma forma caótica, impossível de prever ou de controlar. Isso quer dizer que não devamos buscar a excelência no futebol por meio do aprimoramento e da qualificação profissional? Claro que não, muito pelo contrário!

O que é preciso entender é que muitas vezes, o que ocorre dentro de campo não pode ser explicado por esse ou aquele fator e que para ter esse entendimento e conseguir resolver os problemas que o futebol nos apresenta, que são sempre únicos e inéditos, afinal, uma mesma partida jamais é disputada duas vezes é preciso saber aplicar a visão sistêmica a todo instante. 

A maioria de nós tem como base de conhecimento o pensamento linear, cartesiano que enxerga o mundo com causas e consequências diretas, por meio da junção da visão de especialistas de diversas áreas, mas sem interconexão entre si. É por essa razão que, cada vez menos essa forma de entender os fenômenos que nos rodeiam se mostra cada vez mais insuficiente para nos ajudar a resolver os problemas quando atuamos no futebol!

Não ficou claro ainda? Não tem problema, vamos trazer aqui alguns exemplos de como a visão sistêmica pode ajudar a identificar e a solucionar problemas dentro de campo.

Para isso vamos apresentar quatro pressupostos do pensamento sistêmico e suas respectivas aplicações no futebol.

Pressuposto 1

Não se pode entender as partes de um sistema de forma descontextualizada do todo e nem entender o todo desconectado de suas partes constitutivas.

Aplicação – A condição atlética de um jogador de futebol só faz sentido se analisada e percebida dentro do contexto de sua participação integral em uma partida. Também o jogo não pode ser visto dentro de toda a sua realidade e complexidade, sem considerarmos todos os elementos internos e externos que o constitui.

Pressuposto 2

Aplicação – Todo sistema é formado por um conjunto de elementos interagindo entre si, influenciando-se mutualmente e influenciando o sistema como um todo que, por sua vez, interfere em seus elementos fazendo emergir permanentemente novas situações, instáveis e imprevisíveis. Diante desta dinâmica é mais sensato pensar que os fenômenos, as coisas, as pessoas mais “estão” do que “são”. O movimento da vida é constante, intermitente e muda a cada instante.

Exemplo: O pressuposto linear e mecanicista – ainda tão comum no futebol – que afirma que “em time que está ganhando não se mexe” não serve para este pressuposto sistêmico, pois tudo muda a cada instante dentro de um sistema. Ainda dentro desta perspectiva não podemos afirmar que um jogador (ou um time) é bom ou ruim, mas sim que este jogador (ou time) está bem ou mal dentro de determinadas circunstâncias.

Pressuposto 3

A vida humana é permeada incessantemente por relações interpessoais e subjetivas (intersubjetividade) que precisam ser entendidas e acolhidas para que se possamos caminhar juntos, identificando-se os propósitos comuns entre as pessoas.

Aplicação – A formação, participação e engajamento de uma equipe de futebol que busca a alta performance depende fundamentalmente de como os seus elementos se identificam e se comprometem com os objetivos comuns traçados. Para isso é essencial que as lideranças identifiquem as diferentes visões em torno dos seus propósitos comuns, potencializando-os.

Pressuposto 4

Na perspectiva sistêmica e complexa, todo conhecimento deve ser entendido como algo precário e provisório e que pode nos induzir a erros, ilusões ou até a alucinações. Por isso, o exercício em busca do conhecimento lúcido e amplo deve ser sempre acompanhado de cuidados, balizado por nossos limites ou limitações.

Aplicação – Um especialista (treinador, preparador atlético, fisiologista, psicólogo, nutricionista etc.) pode ser facilmente induzido ao erro se não tiver uma noção – a mais clara possível – do todo, ou seja, de todos os fatores (além dos inerentes à sua especialidade) que podem interferir no desempenho dos atletas e da equipe de forma geral, incluindo-se aqui os macro e microssistemas que interferem no treino, no jogo e na vida de cada um e de todos.

Na mais nova e atualizada edição, a décima sétima, do curso Gestão Técnica no futebol, esses e outros pressupostos da visão sistêmica aplicada ao futebol são discutidos com maior profundidade.

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