Futebol: ruídos da tomada de decisão no alto nível competitivo

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Dentro de um jogo de futebol muitas decisões são tomadas o tempo todo.

A cada fração de segundo, a cada nova circunstância e a cada problema emergente, ser rápido e exato para “decidir-agir” é imprescindível.

Se em décadas anteriores não tão distantes a exigência temporal para as tomadas de decisão já era algo muito importante, no futebol atual, tornou-se condição “sine qua non” para se jogar bem em alto nível competitivo.

A velocidade de jogo tem se tornado tão grande, que além do hiato entre o decidir e o agir ter quase que desaparecido nos jogadores mais bem condicionados (condicionados sistemicamente falando), também quase que se tornou invisível o hiato entre o surgimento da circunstância-problema e a ação propriamente dita para resolvê-la.

Isso tudo quer dizer que para se jogar futebol na atual exigência do altíssimo nível competitivo, é necessário que a tomada de decisão e ação dos jogadores se condensem em uma única coisa, indistinguível e indissociável no tempo.

É necessário também que o intervalo entre o problema emergente e a decisão-ação propriamente dita seja infinitamente ínfimo, temporalmente quase que no mesmo instante.

Diversos são os fatores que podem contribuir ou atrapalhar nas boas, exatas e velozes tomadas de decisão.

Poderia enumerar ao menos uma dezena deles.

Mas nesta semana prefiro destacar apenas um – que foi tema de debates dia desses em um fórum informal sobre futebol.

Em certas ocasiões, bons jogadores e equipes podem não conseguir tomar boas decisões e conjuntamente, errar em demasia suas ações.

Um dos motivos que pode levar a isso, por exemplo, é a distorção da percepção do ambiente e das situações que se manifestam nele. Isso quer dizer que equívocos para perceber o que realmente está ocorrendo ou o que está na eminência de acontecer, desencadeia uma série de ajustes individuais e coletivos nas ações, que são potencialmente infrutíferos.

Um dos fatores mais comuns na geração de “ruídos” de percepção, e distorções na organização da ação (distorções neuro-musculares e cognitivas) é a ansiedade.

Claro, não pretendo e não vou me aprofundar, por motivos óbvios, no tema “ansiedade”.

Quero chamar a atenção apenas para o fato de que dentro de uma ideia de complexidade e de treinamento sistêmico, e dentro da possibilidade de jogadores, em ambiente propício mergulharem no “estado de jogo”, podemos e devemos contemplar situações de estresse (estresse complexo/sistêmico) nos treinamentos, que desafiem jogadores e equipes a agirem dentro de contextos de pressão que tentarão gerar “ruídos” de percepção e distorções na organização da ação.

E por mais que isso pareça óbvio, posso afirmar que há negligência no entorno desse conteúdo – ou por ignorância total sobre a necessidade de desenvolvê-lo, ou por ignorância de como fazê-lo, e/ou ainda, por dificuldades contextuais para operacionalizar seu desenvolvimento.

O tema, por si só, até mesmos para especialistas no assunto, é bastante complexo na sua aplicação.

O que temos hoje muitas vezes é quase que um “filtro” gerado espontaneamente, que ao longo dos anos de carreira dos jogadores, desde as categorias de base até o fim de suas atividades como profissionais, vem segurando pelo caminho aqueles mais “influenciáveis” pelos ruídos de percepção, e deixando passar a minoria, apta por uma série de questões (ambientais, culturais, sociais, biológicas, etc.) quase casuais (ou mais pontualmente, caóticas), e muitas vezes pouco relacionadas com o processo de treinamento desportivo propriamente dito.

Operacionalizar o desenvolvimento desse tipo de conteúdo, de maneira organizada e sistêmica, não é trivial.

Por isso, em breve trarei um texto sugerindo possibilidades de como fazê-lo nos treinamentos, na busca de um jogar de altíssimo nível.

Por ora é isso.
 

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