Nesta quarta, conhecemos os clubes classificados para as oitavas de final da Copa do Brasil e para a fase brasileira da Copa Sul-americana. O regulamento da competição brasileira estabelece que os clubes participantes desta fase da Copa do Brasil não poderão disputar a competição continental. Tal normativa existe em virtude de conflito de datas no calendário.
Dessa forma, classificam-se para a Copa Sul-Americana os clubes de melhor classificação nas Copas Norte e do Nordeste, bem como os 6 melhores classificados no Campeonato Brasileiro, exceto os classificados para a Libertadores. Na hipótese de um desses clubes se classificar para as oitavas de final da Copa do Brasil, a vaga passa para o clube de melhor classificação na competição classificatoria e assim sucessivamente. Essa regra gera distorções interessantes como o suposto interesse do Sport na eliminação da Copa do Brasil para disputar a Sul-Americana, ou a classificação para a competição continental de equipes que disputaram a Serie B no ano anterior.
Percebe-se, assim, que a forma pela qual a Copa do Brasil esta organizada, em dados momentos, pode ser mais vantajoso para determinado clube ser eliminado do que seguir na competição, o que viola o direito do torcedor de prevalência do resultado técnico, bem como fere o "fair play" esportivo, eis que "entrar em campo" para perder contraria todos os princípios que regem o desporto.
Alem disso, o Estatuto do Torcedor exige a transparência e a racionalidade nos regulamentos e não e razoável "premiar" uma equipe eliminada em uma competição local com a classificação para uma competição internacional. O critério técnico impõe a classificação para uma competição mais importante das melhores equipes e não de equipes eliminadas.
O regulamento da Copa do Brasil alem de violar absurdamente o Estatuto do Torcedor, ainda, desvaloriza a Copa Sul-Americana, repetindo-se o caminho trilhado pela CBF nos anos 90 quando sacramentou o fim da Copa Conmebol ao, de forma politica, distribuir vagas para os clubes das Federações do Norte e Nordeste com a consequente participacao na competicao internacional de equipes sem qualquer representatividade técnica no cenário brasileiro. Infelizmente, a Copa Sul-Americana parece caminhar para o mesmo destino, pois um dos brasileiros classificados e o Brasilia que este ano sequer disputa a Serie D do Campeonato Brasileiro. Ao inves de valorizar uma segunda competição internacional, CBF e Conmebol parecem trabalhar para seu fim.
Por que nao seguir o exemplo europeu e colocar a disputada da Libertadores e da Sul-Americana concomitantemente ao longo de todo o ano de forma que os clubes eliminados nas oitavas de final da Libertadores disputassem a Sul-Americana do mesmo ano? Esse sistema ja utilizado pela Uefa garante a competitividade e o interesse da Uefa Europa League, segunda competição europeia e que equivale a Sul-Americana.
Insta destacar que os próprios torcedores brasileiros podem (e devem) encaminhar reclamações aos ouvidores da Copa do Brasil e do Campeonato Brasileiro (cujos dados e correios eletrônicos estão disponíveis no site da CBF) a fim de questionar os absurdos e não técnicos critérios adotados para a classificação de equipes para a segunda mais importante competição continental.
Somente com o exercício dos direitos do torcedor o futebol brasileiro e sul-americano será capaz de fazer frente as cifras europeias e asiáticas e recolocar o continente no ápice do futebol.