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No fim do ano, o mercado do futebol no Brasil fica a todo vapor com contratações e listas de dispensas.

Sempre falamos da necessidade de um processo amparado por recursos tecnológicos, por procedimentos e critérios bem definidos, enfim, com base num planejamento sistemático.

Como os clubes brasileiros contratam?

O São Paulo sempre é tomado como referência, em virtude das últimas conquistas, embora eu ainda considere que há muito mais fumaça do que fogo, mas não posso ir contra os fatos. O tricampeão brasileiro possui um profissional que gerencia as novas contratações há muito tempo e que é, sem duvida, um dos principais responsáveis pelo sucesso recente do time. Chama-se Milton Cruz. Atento à qualidade e à oportunidade de mercado, ele foi diretamente responsável pela chegada de jogadores que muitas vezes foram extremamente criticados pela torcida e pela imprensa, e por meio de um planejamento e de uma sistematização de trabalho continuo puderam mostrar o porquê foram escolhidos.

Quem não se lembra da chegada de Danilo, Josué e Fabão, criticados intensamente e depois se tornaram campões mundiais. Assim foi nos últimos anos, e basta observamos um exemplo do atual elenco que foi tido como destaque no Botafogo nos últimos anos e chegou ao são Paulo, no início, com muitas criticas e, ainda que não tenha se firmado titular, é um jogador que já participou dessa conquista e vai se tornar, sem dúvida, uma peça chave nas próximas temporadas. 

O olho (ou critérios) de Milton Cruz deve ser valorizado, pois toda vez a equipe busca nomes consagrados nunca o resultado acontece como o esperado, ao contrário de quando nomes de menor destaque e até mesmo sem muita pompa chegam ao Morumbi e atravessam certa desconfiança. A manutenção do jogador independente de uma temporada irregular também faz diferença. Vejam Borges, que Murici insistia em não escalar no ano passado, mesmo quando o atleta na reserva era um dos artilheiros da equipe. Nova temporada e vejam a importância do jogador na conquista deste ano.

Mas, ampliando a nossa análise, os clubes brasileiros têm qual critério para contratar? À mercê dos agentes e oportunidades de ganhar dinheiro, ou interesses estranhos, nem sempre a avaliação numa contratação se dá por critérios técnicos. Aliás, nem sempre é eufemismo, na verdade, o que interessa é se o jogador tem idade e potencial de gerar lucro com sua futura venda.

Utilizei uma lista dos top 10 em ações técnicas da ScoutOnline e observando as manchetes e especulações faço algumas reflexões.

O Flamengo deve dispensar Jailton, jogador que aparece em 7º lugar na lista dos que mais desarmaram no campeonato, olha sabemos que números podem ser interpretados de outras formas, mas se um zagueiro (afinal foi a função que mais desempenhou na equipe, apesar de ser volante de origem), que tem entre suas principais funções recuperar e desarmar os adversários, aparece entre os top 10 no quesito, sendo que outros dois zagueiros Ronaldo Angelim e Fabio Luciano aparecem na 40 e 139 colocações, a sua dispensa deve com certeza ter outros motivos que não o desempenho técnico.

Talvez, seja porque não se dê o devido valor às ações técnicas de um jogador de defesa, porque quando olhamos a questão de finalizações as equipes não perdem muito tempo. Na lista dos top 10 de finalização aparecem jogadores que deixam o mercado bem movimentado, sobretudo com Edno (2º), da Portuguesa, e Adeilson (8º),  do Ipatinga. Marquinhos (10º), do Vitória, já fechou com o Palmeiras.

Na NBA, já falamos diversas vezes, os contratos são feito por metas, e renovados conforme o desempenho dentro dessa meta. Existem jogadores que são contratados para, se forem escalados, em média, dois minutos por jogo, apresentarem um desempenho médio de 1,5 pontos, 0,7 assistências, 2,1 roubadas de bola seguidas de cesta, e por aí vai. E, com certeza, ninguém fica dizendo que o que importa é número inteiro porque ninguém ganha um jogo por 1,5 cesta.

Assim como no futebol ninguém ganha um jogo por 0,5 gols ou por 0,3 assistências. Mas, inserindo essas médias ao longo de uma temporada, tem-se indicadores que podem fazer a diferença. 

Pelo exemplo citado da NBA, que conta com uma temporada regular de 82 jogos, esses números do suposto atleta teriam contribuído com 524 pontos somando assistência, pontos e roubadas seguidas de cesta (considerando dois pontos por cesta), o que dá uma média superior a seis pontos por jogo. Poderíamos seguir e analisar quantos jogos a equipe fictícia venceu por seis ou menos pontos de diferença e poderíamos, numa analise bem simplista, avaliar o desempenho desse jogador, mesmo não sendo um dos destaques da equipe.

No exemplo do futebol, nosso atleta teria feito 19 gols no campeonato brasileiro e 11 assistências, ou seja, seria responsável por 30  gols da equipe na competição. Se considerarmos que o melhor ataque do campeonato fez 66 gols esse jogador teria sido responsável por 45% dos gols da equipe. 

Se pararmos com suposição e começarmos a analisar dados concretos, observamos que no Santos, que teve 44 gols na competição, Kleber Pereira foi responsável direto por 26 deles, sem entrarmos numa análise mais complexa da lógica do jogo, o que nos traria muito mais informações e aspectos determinantes das partidas. Em outro exemplo, podemos identificar que Hugo, Jorge Wagner e Borges foram responsáveis por 73 % dos gols do São Paulo. 

Quando utilizamos uma resultante nítida que é o gol fica mais fácil compreendermos as informações, mas existem outras funções que não só o gol que podem ser determinantes para o resultado do jogo, isto é (antes que os maliciosos venham dizer que sem gol o jogo é 0 x 0), existem outros índices que permitem uma equipe ou jogador se destacar ou na elaboração das jogadas que surgem os gols ou ainda na prevenção dos mesmos.

Bom, espero que o amigo não tenha se perdido nos números, mas gostaria que observasse e refletisse o quanto pode ajudar numa contratação ter um critério, ter parâmetros para avaliar o que você está comprando. 

E, sobretudo, não é comprar por comprar, e sim ter indicadores de desempenho que mostram o rendimento do atleta , inclusive ajudando a distinguir se o desempenho está vinculado às funções destinadas pelo técnico ou se tem outros fatores.

Porque senão, o único fator vai ser o retorno $$$, que é sem dúvida importante para a manutenção do espetáculo e do profissionalismo que tanto defendo no futebol, mas não pode ser o único critério porque, quando a crise do chega ao futebol e quando faltar crédito (habilidade e competência técnica dos jogadores),  as especulações (transações de jogadores medíocres por grandes quantias), os bancos (futebol) quebram…

Bom, na próxima semana, vou mais uma vez me debruçar sobre os dados e trazer, por índice técnico,  qual seria a seleção do campeonato da série A e da série B.

Desejo a todos os amigos um feliz natal com muita paz e reflexão e que possam fazer renascer d
entro de cada um o melhor de nós: a esperança de que amanhã será sempre melhor que hoje, desde que façamos nossa parte.

Para interagir com o autor: fantato@universidadedofutebol.com.br

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